Quem melhor fez o mais difícil

A montagem de um filme é uma das técnicas que mais dialoga com as demais, em especial a direção e o roteiro. A edição deve tomar cautela, por exemplo, com a continuidade para não prejudicar a narrativa. A montagem é a ultimo dos trabalhos antes de finalizar uma obra cinematográfica. É o momento em que os responsáveis pelo filme, principalmente diretor e editor, sentam e estabelecem os seus objetivos com a narrativa por meio da edição. Imaginem só o trabalho que dá montar os diversos ângulos, por diversas câmeras, com vários movimentos, filmados tudo separadamente e manter tudo em seu devido lugar, em sua devida sequência.


Vamos as 5 melhores montagens do ano, em ordem aleatória.

                                                           
                                                             SICÁRIO  (SICÁRIO) 


WHIPLASH (WHIPLASH)


                                                                   BLIND (BLIND)


                                                CORRENTE DO MAL (IT FOLLOWS)


MAD MAX - ESTRADA DA FÚRIA (MAD MAX - FURY ROAD)

Do papel para as telonas


O erro mais comum quando se trata da definição de Roteiro cinematográfico é confundi-lo com a história do filme, em um todo. Não. Roteiro vai muito além disso, embora os elementos que a história possui faz, também, roteiro construir as suas originalidades.  
Tentando ser prático: quando você planeja uma viagem, você já pré-visualiza os lugares que irá passar (espaço), o que irá ver primeiro e por ultimo (plano, quadro...), quem encontrará (personagens) e o que precisará falar (diálogos) e dentro dessa rota, muita coisa pode acontecer para se atribuir o texto final dessa experiência.
Assim segue o roteiro, como um discurso verbal, escrito de forma a permitir a pré-visualização do filme por parte do diretor, dos atores, dos técnicos, etc. Sua qualidade pode ser destacada por diversas maneiras, mas geralmente o que o enaltece é a sua criatividade e condução que precisa ser bem amarrada em seu desfecho, sem deslizes, buracos ou alguma solução de intriga que não calhe com a obra.
Dada uma possível e simples definição – já que o roteiro só se concretiza quando se torna filme –, vamos aos 5 melhores roteiros de 2015:







"Na selva de pedras, resiste uma flor"


QUE HORAS ELA VOLTA? (2015)
Direção: Anna Muylaert
Elenco: Regina Casé, Michel Joelsas, Camila Márdila, Karine Teles.

                                 ロロロロロ

Só à arte tem à capacidade de elevar à simplicidade à um estágio de extrema riqueza. Somente à arte mergulha no nosso aglomerado universo emocional e lá faz enternecer as emoções que nós, sujeitos tão enraizados no solo da realidade, já não somos mais capazes de deixar florescer. Apenas a arte revela Regina Casé, grande atriz, grande mulhé. O que se finaliza em Que horas ela volta? É a sua sutileza, delicadeza, pureza e qualquer outro adjetivo que tenha um caminhar pelo terreno da genuinidade.

Na selva de pedras, resiste uma flor. Quão deslocada ela é sendo tão sensível, se vendo em espaço tão resistente, indisposto ao amor.  Val, a mulhé nordestina que trabalha em uma casa de alta renda, que estrutura a mansão da família... Desestruturada. Val que não sabe o que é vestibular, muito menos Arquitetura e Urbanismo, mas que se lança na vontade da filha, como dona do sonho da cria. Se for a vontade de Jéssica, que assim seja. “Boa sorte, fia!”, grita a mãe, embaixo de chuva, pois é do nordeste, onde mais se tenta a sorte nesse Brasil.

Anna Muylaert entrega uma comédia dramática que divide, na mesma sala, o público entre o tocante e o alegre, com lágrimas que se confundem entre o choro e o riso. A inteligência técnica na câmera da diretora, ao criar os enlaces de dois tipos de mães, refletindo dois tipos sociais, constrói a sutileza crítica que faz muitos rirem do próprio crime, como opressores que se denunciam em suas risadas. Regina Casé − em um deslumbre de atuação − com seus passos cansados nos chinelos rastejantes ao chão, de corpo travado e gestos tão bem encaixados nos timings de suas falas, registra o amor às raízes − ainda que raízes sofridas – como resultante das cruzes de tempos difíceis de outrora, de outro lugar que dava como melhor alternativa a fuga e a dor da saudade.


O nosso representante na corrida do Oscar de 2016 não se diminui por ser um exemplar da típica frase de já ser um vitorioso, ainda que não venha a ser indicado. É um filme para a vida. É um filme para a história.

Aquele que tem a Suzana Vieira...


SORRIA, VOCÊ ESTÁ SENDO FILMADO (2015)
Direção: Daniel Filho
Elenco: Lázaro Ramos, Aramis Trindade, Juliano Cazarré, Suzana Vieira, Kika Freire


                                    ロロロ

Então, gente...

Cinema é um espaço de oportunidades, também. Oportunidade de o artista mostrar a sua verdadeira capacidade, como vimos com Regina Casé em “Que horas ela volta?”. Mas, a pessoa quando é ruim não há sétima, oitava, nona arte que faça a fida mãe ser boa. Suzana Vieira é como querer enfeitar um cômodo da casa com um hipopótamo: não fica bom em lugar algum. Não cabe, fica deslocado e atrapalha todo mundo. Mas, o filme é legal, sim, sabia? Vale pela dinâmica, pelo aspecto teatral e, ainda que carregado de personagens estereotipados, usa desse fator para o espectador se identificar com os diversos tipos sociais, sem parecer clichê. Certeza que você vai comparar algum personagem com algum vizinho ou com a ovelha desgarrada da família, mas controle essa sua língua, por favor. 


A estrada que parece não ter fim

ESTRADA 47 (2014)
Direção: Vicente Ferraz
Elenco: Daniel de Oliveira, Thogun, Francisco Gaspar, Júlio Andrade.

                                    ロロ

Se Que horas ela volta? rende textão, esse aqui merece apenas algumas linhas. Bancar-se o filme Cult, de estética quo e não ter cacife pra sustentar a própria pretensão resulta em um dos filmes mais chatos e sem graça do ano. Deveria ter uma avalanche e matar todo mundo, saporra.

A morte e o mito

OBRA (2015)
Direção: Gregorio Graziosi
Elenco: Irandhir Santos, Christiana Ubach, Júlio Andrade, Lola Peploe.

                                 ロロロロ

Nossa, pesaaaado!


Pode não ter a profundidade que necessitava ter no roteiro, nem deixar de evidenciar tantos aspectos que poderiam ficar mais atrás das cortinas para uma maior dinâmica narrativa, mas ainda assim Obra é um baita filme. A edição e mixagem de som também inteligentíssima, na atribuição de sons diegéticos para criar uma trilha sonora extremamente densa. Coisa linda. Além disso, é simbólico, expressionista e com a melhor fotografia que esses meus olhos já viram esse ano, incluindo os filmes gringos e os nudes que recebo. Bjos.

Um Relicário...


CÁSSIA ELLER (2014)
Direção: Paulo Henrique Fontenelle

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Olha...

Admito ser difícil falar sobre o doc da Cássia, viu? Sinto-me como o respeito que essa mulher de fato merece me fizesse tomar cuidado com algumas ressalvas que tenho em relação ao filme. Mas − pensando bem – talvez o respeito com a artista fizesse com que seus produtores preferissem manterem-se distantes da “personagem” e é ai que o documentário se torna mais jornalístico, do que cinematográfico, em si. E isso é ruim? Sim e não. Não porque o aspecto jornalístico é importante para o documentário − talvez, inseparável − e sim porque a sensação que se tem é que a obra poderia atingir níveis mais profundos, dada a persona de que fala, e que somente o cinema poderia alcançar.Entretanto, o documentário traz o olha de Cássia, provando que realmente não pertence a esse mundo. Ela transcende. Uma sensibilidade que está além das coisas terrenas e que, assim, se eterniza. Sdds, Cássia, sdds.

O Cinema dentro do Cinema


O ULTIMO CINE DRIVE-IN (2015)
Direção: Iberê Carvalho
Elenco: Breno Nina, André Deca, Chico Sant'anna, Fernanda Rocha, Rita Assemany, Rosanna Viegas


                                    ロロロ

Vamos falar de um filme de cinema que fala sobre cinema!!

E mesmo que fale de algo tão grande, tem como seu maior triunfo a própria modéstia. O longa relata a história de um ultimo cine drive-in (aqueles que se assiste dentro dos carros, sabe, né?) no Brasil e traz como história paralela a enfermidade da ex-esposa do proprietário do antigo cinema, junto a seu filho já adulto. Entretanto, da sua despretensão, ainda expõe a questão política e sua desfeita com os valores culturais e artísticos, quando esses não são mais produtos importantes para o sistema. Ainda assim, a relação dos personagens se mostra vivaz e muito bem interpretada. A simpatia para com as figura fazem o espectador se preocupar com cada um e assim querer participar de um final que não é outra coisa, senão, fofo.  


Esquece-se a obra, eterniza-se o seu efeito


A HISTÓRIA DA ETERNIDADE (2014)
Direção: Camilo Cavalcante
Duração: 2h 1m
Elenco: Marcelia Cartaxo, Leonardo França, Débora Ingrid ,Claudio Jaborandy ,Zezita Matos


                                            ロロロロロ



Um dos filmes brasileiros mais premiados da temporada teve uma exibição modesta nos cinemas daqui (a vá!) e recebeu espaço na grade do excelente e lindão Canal Brasil. O filme, que já é um dos melhores do ano e o que ocupa o topo dentre os nacionais, é carregado de um tom poético, que não se limita as linhas do roteiro, mas também ao olhar sensível que o diretor e roteirista Camilo Cavalcante tem para filmar e conseguir os melhores ângulos para tornar difícil a escolha da melhor cena do longa. A obra extremamente simbólica e espiritual, que se ambientaliza no sertão brasileiro, dá aos olhos do espectador um deleite lírico pela fotografia de seu ambiente. A narrativa é extremamente humana, de apego às raízes e de amor à simplicidade do coração de suas figuras, que fazem atravessar a tela as suas forças pelos caminhos de suas delicadezas.  A história da Eternidade é capaz de eternizar sentimentos muito puros em seus espectadores. Pode se esquecer a obra, mas se carrega para sempre o seu efeito. 

Entre a Máscara e a Realidade


CASA GRANDE (2015)
Direção: Fellipe Gamarano Barbosa
Duração: 1h 57m                                                    
Elenco: Marcello Novaes, Suzana Pires, Thales Cavalcanti, Clarissa Pinheiro, Bruna Amaya, Alice Melo


                                                       ロロロロ

Junto a A História da Eternidade, Casa grande preenche o topo dos melhores filmes brasileiros  lançados em 2015. O estreante diretor e roteirista Fellipe Gamarano  transforma a família como pequena e primeira sociedade do homem em um reflexo do todo social, fazendo de sua obra um documento que se firma como um reflexo do país e, em alguns outros aspectos demarcados, demais culturas em que se encontra a desigualdade social, resultante da diversidade racial e também diferença financeira. Outro fator incrível e de extrema importância para à arte como reflexo social é o jogo de dependência entre as classes: por ter uma família em estado de falência, o longa relata não somente a necessidade do pobre em servir ao rico, mas também o extremo oposto, que junto a essa problemática trás outras ligadas a moral e a ética, clarificando como a questão do status também pode ser superior a cumprir as responsabilidades com classes mais baixas. E talvez o maior mérito do filme é deixar tudo tão bem construído para o espectador e deixar por ele mesmo a decisão de qual lado ele está.

Junho, um documento histórico


          JUNHO - O MÊS QUE ABALOU O BRASIL (2014)

Direção: João Wainer    Gênero: Documentário  Duração: 1h12m 
Com Gilberto Dimenstein, Luiz Eduardo Soares, Sergio Adorno, Contardo Calligaris


                                                  ロロロロ


Dois anos após os protestos de 2013, “Junho – o mês que abalou o Brasil” talvez seja a única coisa séria, coerente e formada sobre as manifestações e até mesmo mais concisa do que as próprias . O documentário dirigido por João Wainer é um projeto imparcial e democrático, como deveria ser. Passando e demarcando cada dia desse momento histórico no Brasil, o filme marca a importante origem das protestações, mas denuncia o caminho equívoco que a mesmas podem ter tomado. Entretanto, o que há de mais interessante nesse documento são as novas perspectivas que se pode ter com os depoimentos de representantes de classes isoladas, que dão uma nova ótica das ações acontecidas no evento. Além de seu caráter político, tecnicamente o filme apresenta suas particularidades. Da ideia rápida de documentar os acontecimentos, sem condições prévias de montagem, a edição do trabalho documental é de uma força imensa e que carrega o espectador de forma dinâmica, fugindo do tom jornalístico e conseguindo colocá-lo em posto cinematográfico, como receptor. E isso não é fácil, galera! O documentário se torna um exemplar sólido, que deve ser revisto a cada ano como um reflexo da fragilidade política do país, assim como um viés educacional para a estruturação oficial de uma nova geração. 

Seria trágico, se não fosse... trágico mesmo


                                 ENTRE ABELHAS (2015)


Direção: Ian SBF
Duração: 1h39m
Elenco: Fábio Porchat, Giovanna Lancellotti, Irene Ravache, Marcos Veras


                                                      ロロロ



Um tanto complicado ter alguém conhecido por programas de humor estampando a capa de um filme dramático. Diria trágico. Essa talvez seja a principal característica do surpreendente “Entre Abelhas”, que tem Fábio Porchat como seu protagonista. A intrigante história do rapaz que, com o tempo, vai perdendo a capacidade de ver algumas pessoas, consegue ganhar linhas em um roteiro que se mantém preciso até o final da fita (Salvo algumas cenas que você olha e diz: Que deselegante). O mesmo faz uma análise interessante quanto ao homem e a necessidade indireta do próximo. Dos caminhos frágeis que a solidão apresenta. Ainda assim, o filme acerta em não se permitir filosófico, o que facilmente o faria cair num ralo de pieguices e didatismo barato, como se Paulo Coelho ou Augusto Cury fossem os roteiristas (Rá!). Outro fator muito importante que faz o longa caminhar por trilhos corretos, dentro de um campo repleto de fatores que poderia torná-lo incoerente, é a exploração de um humor muito bem cuidado, fazendo o espectador rir do escrachado e principalmente do trágico. “Entre Abelhas” vale pela eficiência de todos os seus modestos objetivos. 









Fica para à próxima


                                           ISOLADOS (2014)


Direção: Tomas Portella
Duração: 1h30m
Elenco: Bruno Gagliasso, Regiane Alves, José Wilker


                                                          ロロ



Rara tentativa de produção brasileira em criar um suspense nacional e pode-se dizer , sem dúvidas alguma, que ainda não se chegou lá. Tsc. O pesar fica por quesitos estéticos, técnicos e de divulgação que não são aproveitados, nem mesmo os mais simples, como causar um medinho. E não. Não causa. A insistência infantil em manter a câmera nervosa (e o espectador também e and not in a good way), sem se permitir entender como subjetiva ou acompanhante, faz de Isolados um filme que , na tentativa de assustar, mais se vê como irritante. Ora, se o espectador não vê o que está acontecendo, pouco tem o que sentir, senão desconforto. E não de uma boa maneira (again!!). Ganha algum destaque na fotografia e um visível cuidado com a iluminação, mas pra filme bom(zinho) precisa de muito mais do que isso.  

Os melhores do Cinema no ano do 7x1


Com um considerado atraso, compactei os dez melhores filmes de 2014 com base nos lançamentos nas telonas brasileiras, assim como na televisão (a exemplo de “Temporário 12”) ou direto em DVD. A delonga também se deve a demora para o vazamento de obras como o canadense “Mommy” e o argentino  “Relatos Selvagens”, ao qual fui vitima da dificuldade de alguns  filmes desse caráter atingir um maior número de salas para exibição. Minha publicação só não é mais atrasada do que o lançamento de “Mais um Ano”, que esperou cerca de meia década para chegar por aqui (e não é motivo para ficar fora do top, como alguns erroneamente justificam a ausência deste em suas listas). No mais, 2014 foi um ano de médias obras, que mais aglomerou obras razoáveis do que realmente emplacou resultados que supriram o que prometiam. 2013, com isso, permanece um ano com maior número de obras de bom nivelamento. A lista, como de costume, não denomina as colocações, apenas junta uma dezena de destacáveis. Vamos a ela.





O Lobo atrás da Porta, de Fernando Coimbra

Mommy, de Xavier Dolan

Sob a Pele, de Jonathan Glazer

Temporário 12, de Destin Daniel Cretton


 Mais um Ano, de Mike Leigh

Cores do Destino, de Shane Carruth


Oslo, 31 de Agosto , de Joachim Trier

Balada De Um Homem Comum, de Joel Coen e Ethan Coen

Nebraska, de Alexander Payne


Relatos Selvagens, de Damian Szifron



Sim. Sem Boyhood. 



Quem melhor fotografou em 2014

Um dos elementos mais encantadores do cinema é a sua Fotografia, que no inglês possui seu nome próprio Cinematography. Simplificando, esse fator é percebido como se a lente da câmera, em cada quadro, conseguisse dar ao espectador uma imagem que, caso paralisada, formaria um shot perfeito. Obviamente as coisas vão além: exige um trabalho magistral para conseguir que cada enfoque se torne um vislumbre para os olhos e fazer com que o comando das escolhas das imagens se torne autêntico o suficiente para desenvolver a própria história e dar a direção o suporte para a precisão da narrativa visual. A qualidade real de um filme muitas vezes pode ser designada por essa competência, tamanha a responsabilidade que um diretor de fotografia possui. Visto isso, vamos às cinco melhores fotografias do ano.

 #5 O Grande Hotel Budapeste (Dir. de Fotografia Robert Yeoman )

Tendo uma de suas indicações ao Oscar 2015 direcionado para esse quesito, a fotografia de Budapest Hotel ganha destaque por seu contraste entre o gélido clima e o calor das cores do Hotel. O figurino consegue se harmonizar magistralmente com os ambientes e assim colabora com os aspectos fotográficos da obra. É se unificando com a precisa direção de Wes Anderson, a impecável Direção de Arte e o Figurino, que a Fotografia aqui consegue seu destaque. 

#4 Nebraska (Dir. de Fotografia Phedon Papamichael)

A retomada da estética preto e branco nos anos 2000 tem entregado fotografias primorosas e com Nebraska, de Alexander Payne, não foi diferente. Contribuindo para a frieza do roteiro e a vida estática dos personagens, aqui os fatores fotográficos se mostram harmonizados com a aura de suas figuras e coerente com os destinos da narrativa. O filme, ano passado, foi indicado também ao prêmio de melhor fotografia do ano.

#3 Ida (Dir. de Fotografia Ryszard Lenczewski)

O filme polonês, favorito ao prêmio de melhor filme estrangeiro do ano, traz uma fotografia que também usa do artifício Preto e Branco para contribuir com a gélida ambientação e clima presente na obra. Aqui, cada quadro é um primor e o capricho não foge aos nossos olhos, sabendo encaixar os objetos (inclusive os personagens) no lugar certo, mostrando que as mãos dadas com a direção é o que o torna tão grande. O longa  também conseguiu vaga dentre os nomeados a melhor fotografia do  no Oscar 2015.


#2 Inside Llewyn Davis: Balada de um Homem Comum (Dir. de Fotografia Bruno Delbonnel)

Certamente o trabalho mais inspirador de Bruno Delbonnel (conhecido por fotografar “Fausto” de Sokurov), de uma peculiaridade que realmente traz admiração a cada quadro desenhado. O filme dos Irmãos Coen não utiliza do Preto e Branco, mas com sua fotografia consegue os efeitos sensoriais quanto a sua ambientação gélida e nebulosa, trabalhada tanto em ambientes externos, quanto internos. A compatibilidade com o desenvolvimento de seu personagem principal também a de ser destacada, enaltecendo o caráter pessimista e amargo de sua vida. O longa recebeu indicação ao Oscar nessa categoria no ultimo ano.


#1 Cores do Destino (Dir. de Fotografia Shane Carruth)

O que difere o longa “Cores do Destino” (Upstream Color) dos demais filmes mencionados é o método usado para destacar a sua fotografia:   trabalha com os ambientes naturais e com as próprias cores da natureza, além de mostrar , também, um grande controle de iluminação, e de um proveito singular do zoom, dos enfoques e  desenfoques para entregar a melhor fotografia do ano. Tudo isso foi possível graças a Shane Carruth que, além de diretor, roteirista, editor  e designer também é responsável pela fotografia e assim se vê o porquê esse fator se encontra maravilhosamente bem controlado pela câmera, para resultar no primoroso aspecto fotográfico.

Os melhores do Brasil em 2014

Que sou fã e defensor (quase nazi) do cinema brasileiro muitos (ex) amigos já testemunharam. Com isso, segue a postagem dos cinco melhores filmes brasileiros do ano, somadas as menções honrosas (já que não consegui ter acesso a todos). Vale a ressalva que consegui assistir a “Praia do futuro” e “Entre Nós”, sendo este a sexta colocação e aquele a sétima. As menções ficam pelos tão comentados e elogiados “Avante popollo”, “Eles Voltam”, “Os dias com ele”, “O homem das multidões” e “A Oeste do fim do mundo”. Só não cabe aqui o devir errôneo da comparação com outras obras estrangeiras para mostrar o quanto somos bons: a sétima arte brasileira é autêntica, respira asperamente pelos próprios pulmões e tem o talento marcante, preciso e inspirador para finalizar seus trabalhos com maestria. Não mendigamos influências.  Vamos a lista:



#5 Entre Vales (Amid Valleys and Mountains)

Coprodução alemã e uruguaia, “Entre Vales” foi exibido em festivais brasileiros, latinos e chegou até Seattle. Embora o que mais atraia na narrativa seja a forma não linear com que a vida de seu protagonista vai sendo desconstruída, vale mais pelas mãos precisas de seu diretor no domínio da câmera, emplacando quadros, destacando a fotografia tão bem trabalhada na obra. A história caminha pela falência financeira e moral do seu personagem até tirar todos seus sentidos de vida, mostrando que até no lixão existem disputas de poder e se luta por espaços. 


#4 Hoje eu quero voltar sozinho (The way He looks)

O representante do Brasil a concorrer uma vaga no Oscar 2015 (ao qual já não foi escolhida), embora não seja , de fato, o melhor filme brasileiro do ano, ainda assim é de uma qualidade inquestionável. Alcançando sua maior força na direção delicada e em suas atuações , o longa consegue , trabalhando com maestria os aspectos sensoriais, atravessar a tela e entregar ao público uma obra sensível sobre as descobertas da adolescência e as ligações dos medos e anseios que se embatem violentamente nessa fase vital. O filme totalizou 21 nomeações em festivais pelo Brasil e pelo mundo, vencendo 18 delas sendo duas no festival internacional de Berlim.



#3 O Menino e o Mundo (The boy and the World)

Grande e delicada animação de Alê Abreu, dona de uma direção de arte fantástica que contribui com a sensibilidade do universo criado para o personagem e para o espectador. A produção deixa sair de si um carinho e um capricho com a obra que atinge os níveis técnicos e resultam em uma das melhores obras brasileiras do ano. O longa , que usa da aura pura e ingênua de um menino para retratar a desigualdade social, obteve 8 nomeações, vencendo sete, sendo o de maior relevância o festival de Xangai, ao qual levou três prêmios. 


#2 Quando eu era vivo (When I was alive)

Filme exibido no festival de Roma e lançado em poucos estados aqui no Brasil, “Quando eu era vivo” é um desconcertante e estranho suspense brasileiro, que consegue fazer o espectador se estranhar com a obsessão de seu protagonista tem pelo passado, após estacionar a sua vida por se ver divorciado e desempregado. O filme toma rumos misteriosos, frutos da confusão entre delírio e realidade que todas as figuras passam a se encaixar. O valor da obra está justamente em conseguir esses efeitos mencionados, já que claramente eram ansiados pela produção. Seu roteiro sólido é o que o torna marcante.



#1 O Lobo atrás da porta (A Wolf at door)

O masterpiece brasileiro (E para mim e tantos outros, o melhor de 2014) fica por conta da tensão envolvente no thriller do diretor estreante Fernando Coimbra, protagonizado por Leandra Leal. O que a torna uma obra tão grande não está somente em sua história, mas sim como todos os componentes técnicos contribuem para o cheque-mate de seu final (E que final! Daqueles de levar para sempre na memória da angústia). O diretor extrai de seus atores o máximo de talento, antes jamais mostrados, num roteiro preciso e conciso, que trabalha muito bem com a simbologia do ambiente e a magnífica edição para montar a narrativa de modo visceral, cru e marcante. “O Lobo atrás da porta” encurrala o espectador em longas tomadas  e planos fechados que ao final da fita deixa a sensação que tentou nos enforcar durante horas. O filme e sua direção foram premiadas nos Estados Unidos e na Suiça, além de festivais latinos americanos, tendo oito nomeações, sendo premiado em sete delas. Uma obra para realmente ser colocada nos clássicos brasileiros.   

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