Que sou fã e defensor (quase
nazi) do cinema brasileiro muitos (ex) amigos já testemunharam. Com isso, segue a
postagem dos cinco melhores filmes brasileiros do ano, somadas as menções honrosas (já
que não consegui ter acesso a todos). Vale a ressalva que consegui assistir a
“Praia do futuro” e “Entre Nós”, sendo este a sexta colocação e aquele a
sétima. As menções ficam pelos tão comentados e elogiados “Avante popollo”, “Eles
Voltam”, “Os dias com ele”, “O homem das multidões” e “A Oeste do fim do mundo”.
Só não cabe aqui o devir errôneo da comparação com outras obras estrangeiras para
mostrar o quanto somos bons: a sétima arte brasileira é autêntica, respira
asperamente pelos próprios pulmões e tem o talento marcante, preciso e inspirador
para finalizar seus trabalhos com maestria. Não mendigamos influências. Vamos a lista:
#5 Entre Vales (Amid Valleys and Mountains)
Coprodução alemã e uruguaia, “Entre Vales” foi exibido em
festivais brasileiros, latinos e chegou até Seattle. Embora o que mais atraia
na narrativa seja a forma não linear com que a vida de seu protagonista vai
sendo desconstruída, vale mais pelas mãos precisas de seu diretor no domínio da
câmera, emplacando quadros, destacando a fotografia tão bem trabalhada na obra.
A história caminha pela falência financeira e moral do seu personagem até tirar
todos seus sentidos de vida, mostrando que até no lixão existem disputas de poder e se luta por espaços.
#4 Hoje eu quero voltar sozinho (The way He looks)
O representante do Brasil a concorrer uma vaga
no Oscar 2015 (ao qual já não foi escolhida), embora não seja , de fato, o
melhor filme brasileiro do ano, ainda assim é de uma qualidade inquestionável.
Alcançando sua maior força na direção delicada e em suas atuações , o longa consegue
, trabalhando com maestria os aspectos sensoriais, atravessar a tela e entregar
ao público uma obra sensível sobre as descobertas da adolescência e as ligações
dos medos e anseios que se embatem violentamente nessa fase vital. O filme
totalizou 21 nomeações em festivais pelo Brasil e pelo mundo, vencendo 18 delas
sendo duas no festival internacional de Berlim.
#3 O Menino e o Mundo (The boy and the World)
Grande e delicada animação de Alê Abreu, dona de uma direção
de arte fantástica que contribui com a sensibilidade do universo criado para o
personagem e para o espectador. A produção deixa sair de si um carinho e um
capricho com a obra que atinge os níveis técnicos e resultam em uma das
melhores obras brasileiras do ano. O longa , que usa da aura pura e ingênua de um menino para retratar a desigualdade social, obteve 8 nomeações, vencendo sete, sendo o
de maior relevância o festival de Xangai, ao qual levou três prêmios.
#2 Quando eu era vivo (When I was alive)
Filme exibido no festival de Roma e lançado em
poucos estados aqui no Brasil, “Quando eu era vivo” é um desconcertante e
estranho suspense brasileiro, que consegue fazer o espectador se estranhar com
a obsessão de seu protagonista tem pelo passado, após estacionar a sua vida por
se ver divorciado e desempregado. O filme toma rumos misteriosos, frutos da
confusão entre delírio e realidade que todas as figuras passam a se encaixar. O
valor da obra está justamente em conseguir esses efeitos mencionados, já que
claramente eram ansiados pela produção. Seu roteiro sólido é o que o torna
marcante.
#1 O Lobo atrás da porta (A Wolf at door)
O masterpiece brasileiro (E para mim e tantos outros, o
melhor de 2014) fica por conta da tensão envolvente no thriller do diretor
estreante Fernando Coimbra, protagonizado por Leandra Leal. O que a torna uma
obra tão grande não está somente em sua história, mas sim como todos os componentes técnicos
contribuem para o cheque-mate de seu final (E que final! Daqueles de levar para
sempre na memória da angústia). O diretor extrai de seus atores o máximo de
talento, antes jamais mostrados, num roteiro preciso e conciso, que trabalha
muito bem com a simbologia do ambiente e a magnífica edição para montar a
narrativa de modo visceral, cru e marcante. “O Lobo atrás da porta” encurrala o
espectador em longas tomadas e planos fechados
que ao final da fita deixa a sensação que tentou nos enforcar
durante horas. O filme e sua direção foram premiadas nos Estados Unidos e na
Suiça, além de festivais latinos americanos, tendo oito nomeações, sendo
premiado em sete delas. Uma obra para realmente ser colocada nos clássicos
brasileiros.