Os melhores do Brasil em 2014
Que sou fã e defensor (quase
nazi) do cinema brasileiro muitos (ex) amigos já testemunharam. Com isso, segue a
postagem dos cinco melhores filmes brasileiros do ano, somadas as menções honrosas (já
que não consegui ter acesso a todos). Vale a ressalva que consegui assistir a
“Praia do futuro” e “Entre Nós”, sendo este a sexta colocação e aquele a
sétima. As menções ficam pelos tão comentados e elogiados “Avante popollo”, “Eles
Voltam”, “Os dias com ele”, “O homem das multidões” e “A Oeste do fim do mundo”.
Só não cabe aqui o devir errôneo da comparação com outras obras estrangeiras para
mostrar o quanto somos bons: a sétima arte brasileira é autêntica, respira
asperamente pelos próprios pulmões e tem o talento marcante, preciso e inspirador
para finalizar seus trabalhos com maestria. Não mendigamos influências. Vamos a lista:
#5 Entre Vales (Amid Valleys and Mountains)
Coprodução alemã e uruguaia, “Entre Vales” foi exibido em
festivais brasileiros, latinos e chegou até Seattle. Embora o que mais atraia
na narrativa seja a forma não linear com que a vida de seu protagonista vai
sendo desconstruída, vale mais pelas mãos precisas de seu diretor no domínio da
câmera, emplacando quadros, destacando a fotografia tão bem trabalhada na obra.
A história caminha pela falência financeira e moral do seu personagem até tirar
todos seus sentidos de vida, mostrando que até no lixão existem disputas de poder e se luta por espaços.
#4 Hoje eu quero voltar sozinho (The way He looks)
O representante do Brasil a concorrer uma vaga
no Oscar 2015 (ao qual já não foi escolhida), embora não seja , de fato, o
melhor filme brasileiro do ano, ainda assim é de uma qualidade inquestionável.
Alcançando sua maior força na direção delicada e em suas atuações , o longa consegue
, trabalhando com maestria os aspectos sensoriais, atravessar a tela e entregar
ao público uma obra sensível sobre as descobertas da adolescência e as ligações
dos medos e anseios que se embatem violentamente nessa fase vital. O filme
totalizou 21 nomeações em festivais pelo Brasil e pelo mundo, vencendo 18 delas
sendo duas no festival internacional de Berlim.
#3 O Menino e o Mundo (The boy and the World)
Grande e delicada animação de Alê Abreu, dona de uma direção
de arte fantástica que contribui com a sensibilidade do universo criado para o
personagem e para o espectador. A produção deixa sair de si um carinho e um
capricho com a obra que atinge os níveis técnicos e resultam em uma das
melhores obras brasileiras do ano. O longa , que usa da aura pura e ingênua de um menino para retratar a desigualdade social, obteve 8 nomeações, vencendo sete, sendo o
de maior relevância o festival de Xangai, ao qual levou três prêmios.
#2 Quando eu era vivo (When I was alive)
Filme exibido no festival de Roma e lançado em
poucos estados aqui no Brasil, “Quando eu era vivo” é um desconcertante e
estranho suspense brasileiro, que consegue fazer o espectador se estranhar com
a obsessão de seu protagonista tem pelo passado, após estacionar a sua vida por
se ver divorciado e desempregado. O filme toma rumos misteriosos, frutos da
confusão entre delírio e realidade que todas as figuras passam a se encaixar. O
valor da obra está justamente em conseguir esses efeitos mencionados, já que
claramente eram ansiados pela produção. Seu roteiro sólido é o que o torna
marcante.
#1 O Lobo atrás da porta (A Wolf at door)
O masterpiece brasileiro (E para mim e tantos outros, o
melhor de 2014) fica por conta da tensão envolvente no thriller do diretor
estreante Fernando Coimbra, protagonizado por Leandra Leal. O que a torna uma
obra tão grande não está somente em sua história, mas sim como todos os componentes técnicos
contribuem para o cheque-mate de seu final (E que final! Daqueles de levar para
sempre na memória da angústia). O diretor extrai de seus atores o máximo de
talento, antes jamais mostrados, num roteiro preciso e conciso, que trabalha
muito bem com a simbologia do ambiente e a magnífica edição para montar a
narrativa de modo visceral, cru e marcante. “O Lobo atrás da porta” encurrala o
espectador em longas tomadas e planos fechados
que ao final da fita deixa a sensação que tentou nos enforcar
durante horas. O filme e sua direção foram premiadas nos Estados Unidos e na
Suiça, além de festivais latinos americanos, tendo oito nomeações, sendo
premiado em sete delas. Uma obra para realmente ser colocada nos clássicos
brasileiros.
Parabéns pelo post! Confesso que não assisti nenhum deles, mas agora vou querer ver com certeza 😉
Assisti ontem 'O Lobo Atrás da Porta' depois de um impulso dado por um comentário seu no Facebook, e realmente, é sensacional.
Uma pena filmes como esse não receberem o devido destaque entre o grande público, se eu não fosse um amante de cinema, teria passado batido.