Redacted (2007)





O Diretor mostra de maneira esbelta, como sempre, a pressão psicológica vivenciada 24 horas pelos soldados americanos na base de Mahmudiya, no Iraque, assim plantados para revistar qualquer pessoa que passe pela guarda, sejam adultos ou crianças enquanto vão para as aulas. Porém, De Palma não é nenhum pouco patriota em seu trabalho, assim mostrando uma crítica extremamente violenta, onde o foco é desvirtuar a realidade exposta pela mídia, não apenas a estadunidense, mas sim a mundial. Por isso o nome Redacted também tem como significado “Editar para publicação”, que assim responde o porquê do diretor fazer um filme para relatar a verdadeira história e não um longa de guerra convencional.

Com um elenco pouco conhecido e de nível coerente com o modo de filmagem sem película, o diretor desmerece quaisquer justiça relativa ao intervencionismo político dos Estados Unidos, nos mostrando uma violência pouco explícita, mas que não dispensa a capacidade de nos deixar com um nó na garganta, com o lado sórdido que os soldados norte-americanos fazem como se estivessem cobertos de razão em estuprar e matar uma jovem de 15 anos. E essa revolta que o espectador sente é ainda aumentada enquanto os culpados elaboram falsos comentários para se livrar de uma penalização pela barbárie cometida e ainda assim não sentir o mínimo de peso na consciência.

Brian de Palma prefere relatar, por isso não é um filme de ação, embora contenha um roteiro ligeiramente contínuo e concreto. A utilização do diretor, de modo tão envolvente e profundo, em usar mensagens via internet feita pela população norte-americana, revoltada com o fato ocorrido, remete ao resultado do filme em ser chocante, triste e frustrante. Palma criou um filme que encontra o seu significado no mundo exterior, no efeito que ele espera que tenha. Seu filme é nu, cru e bastante significativo para amor e o ódio. Vide o final chocante e emocionante.

Brian de Palma nos mostra a sujeira com total elegância.
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Cotação: ロロロロ (Filme ótimo)

Três extremos (Three extremes - 2004)



Filme divide-se em três contos: The Box (Takashi Miike), Dumplings (Fruit Chan Kwoh ) e CUT (Chan-wook Park).

A Caixa (The Box), de Takashi Miike

Para quem viu os bizarros "Ichi, The Killer" o chocante, porém sublime, "Visitor Q" e a sátira aos filmes orientais clichês, "One missed call", irá se surpreender com o poético e circunspecto Miike em um filme com uma magnitude na fotografia, nas atuações e principalmente na própria história. É um roteiro silencioso, tristonho e ao mesmo tempo sombrio em que o japonês molda as situações de forma com que o espectador frise os olhos a tela e que reflita o olhar para si mesmo. Usa um contexto forte de inveja em plena uma fase inocente, a infância, cujo direciona um certo catolicismo a situação vivida pelas personagens, pois , segundo a tradição católica , por ocultar as bênçãos recebidas para si e elevar a qualidade do próximo resulta em condenação, e essa penalidade para a personagem é o sofrimento de receber uma vingança em que ela mesma constrói em seus sonhos.

O que Takashi não inova aqui é a maneira extremamente única e qualificada de proferir imprecações contra o Ser humano, mas sempre de uma maneira diferente e com resultados cada vez mais divergentes, porém comoventes.

Escravas da vaidade (Dumplings), de Fruit Chan Kwoh

Da mesma maneira que a vaidade é o “pecado original” mais grave, esse longa também é o que nos apresenta maior gravidade de como a boa aparência está se tornando mais do que uma busca pela auto-estima. O diretor pouco conhecido Fruit Chan mergulha fundo na ignorância de uma personagem que sabe do que foge, mas não sabe o que realmente busca, além de ligar pontos extremos do roteiro: a imoralidade e o orgulho. Kwoh nos mostra algumas cenas não muito fáceis de assistir, porém não chegam perto de serem grotescas e entram no contexto de um roteiro tão limpo e dominante.

Fruit Chan Kwoh é um diretor que merece mais atenção.

CUT , de Chan Wook Park

Aqui temos o filme mais técnico entre os contos. O mais direto também. O diretor não rodeia para criar seus personagens, pois deixa que o espectador acompanhe o seu desenvolvimento assim testemunhando as ilimitações que podemos possuir. Assim, Park perturba, induz e interroga o espectador. Faz uma espécie de peça teatral com um cenário cárdeo por associar-se a frieza e depressão, com um personagem cético e anti narcisista enxuto de desgosto com profunda antipatia e rancor, onde faz do seu ódio uma gangorra entre os desejos conscientes e inconscientes. Mas no que realmente Chan-wook nos abraça é por conter diálogos e situações fortes e hipnotizantes, nos mostra uma violência de maneira subjetiva, mas que mesmo assim nos causa certa aversão, animosidade essa que faz dessas partes, cenas memoráveis.


Em resumo, definir “Três extremos” seria limitá-lo, e limite é o que os diretores dessa Obra-prima menos querem mostrar.
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Cotação: ロロロロロ (FilmeS excelenteS)

Zona do crime (La Zona -México- 2007)


O que a nobreza despeja como resto, é o que sobra para os pobres do outro lado do muro. Falaremos da imundice, mas a social. Baseado em um livro escrito pela sua atenciosa esposa, Rodrigo Plá faz um filme direto ao aguço do espectador. Faz-nos duvidar da justiça que nós mesmos formamos, da inocência e do afeto. Por vezes prioriza uma tensão bem feita, outras enfoca um drama forte, principalmente no epilogo.

Fazendo suas próprias regras, criadas em reuniões com diálogos tensos ao ginásio da residência, a vizinhança é para mostrar que, mesmo deixando de confiar e principalmente exercer a lei feita pelo governo, a nossa crença do que deve ou não ser feito pode ser tão injusta e equivocada, quanto às razões em justiça, artigo por artigo. Já a amplitude do filme em também criticar a policia e suas “disciplinas” em geral, explora uma certo limite de autoridade, porém uma ilimitada torpeza.

Plá tem suas dificuldades com o livro. A superficialidade dos personagens é o principal defeito, mas o que realmente temos que captar na história fica nu e cru. Atuações tão fortes quanto o tema, Maribel Verdú (O Labirinto do Fauno) faz uma mulher decisiva e a dupla de jovens atores Alan Chávez e Daniel Trovar dão um ar promissor. Os demais, também colaboram com a fortaleza que a premissa necessita.

O final ao mesmo tempo em que revoltante é reflexivo. Uma gangorra entre a desumanização e o lado realmente humano. O que aflige, é apenas um personagem ter coração para sepultar, enquanto para os demais... Vai tudo pro lixo mesmo.
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Cotação: ロロロロ (Filme Òtimo)
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Já em algumas locadoras

Fim dos tempos (The Happening - 2008)


“Que merda é essa, Capitão?”

Vi um Hitchcock, assisti a um Joel Schumacher atual. Vi um bom roteiro, assisti a um péssimo filme. Vi! Apenas isso. Pois aqui temos um filme de cenas e pra isso tenho youtube. E para vivenciá-las eu preciso de convicção, algo que os atores e seus respectivos personagens, o roteiro e o próprio Shyamalan não conseguiu mostrar.

Shyamalan talvez quisesse que o espectador se concentrasse na situação da natureza, assim elaborando figuras atípicas, para que não sejam focadas e o mesmo motivo para diálogos tão risíveis. O incompreensivo é que ele não nos livra de ter a percepção de que o elenco está horrendo, cravando uma das piores atuações do ano e de cada ator. Alem de que o roteiro esconde negativamente um clímax, um ápice. Não define exatamente a situação do casal, ora abordam problemas e no desfecho tenta , mas sem efeitos, algo sublime entre os mesmos. Imaginei a todo o momento Mark Wahlberg pedindo para o diretor: Can I try again? (...) Para alguém que já foi bem mais correto , esse trabalho colabora ainda mais com a chalaça picante (piada a portuguesa) que resultou nesse filme.E Zooey Deschanel parece estar infectada antes de tudo realmente começar. Acho que as ligações do M.Night , logo no inicio, já demonstram que o carteiro entregou errado o roteiro para ela decorar, e assim leu antes de cada cena.

Um filme que quer falar da naturalidade, porém mais artificial que ele impossível.

Até a próxima, então Shyamalan!
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Cotação: ロ (Filme ruim)

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