Falsa independência




Amores Imaginários
(2011)


Nos anos 50, um jovem criticou a situação do cinema em seu país, na França. Foi levado a sério, fez polêmica, falou que tudo era cômodo e superficial. Viu que o atrevimento ainda era pouco, resolveu mostrar como é que se devia fazer e no seu filme de estréia ganhou prêmio de melhor diretor em Cannes. Implantou assim o movimento “A política dos Autores” em que os cineastas poderiam arriscar e criar para cravar cada um seu estilo próprio. Este foi François Truffaut não deixando ser novidade o jovem Xavier Dolan no cinema mundial.

Mas, enquanto um foi consolado pelo cinema, Xavier Dolan mais me parece um adolescente nascido em berço de ouro, mimado, cheio de frescuras, que quer tudo do seu jeito e que aproveitou do dinheiro para brincar de fazer cinema e para isso imita o estilo de Wong kar-wai, Gus van Sant e Truffaut , pesquisa músicas clássicas e as jogam repetidamente em suas cenas e assim conclui um produto pseudo-original, para se transformar num diretor sem identidade e superestimado para completar o hype. Ou ainda dizer que o jovem pode caber a uma sociedade que hoje glorifica o que ainda cheira a leite ou que tem certo preconceito com a heterossexualidade definitiva.

Entretanto, cabem a nós sermos justos e dizer que muitas coisas são bem apresentadas, mas Dolan precisa se basear em alguém urgentemente para dar consistência ao seu roteiro. Francis (Xavier Dolan) , Marie (Monia Chokri) e Nicolas (Niels Schneider) se tornam um trio inseparável, mas que logo têm seus sentimentos embaraçados por Nicolas acabar sendo a esperança de uma história de amor na vida dos outros dois. O longa até começa bem, principalmente ao perceber como que o diretor usará das imagens e das feições dos atores para definir e premeditar o contexto da história.

É um fator interessante e que demonstra uma capacidade quase impar o fato de o diretor usar das imagens como ato verbal para transmitir ao espectador o sentimentalismo e, mais proveitoso do que isso, o descarte de diálogos quando a posição da câmera e o emblema de cada personagem já falam por si só. Mas, a catástrofe se dá por Dolan escancarar para nós a mesma mensagem do início ao fim da película. Uma prolixidade que causa no roteiro um desenvolvimento não lento, mas subjetivamente estático.

Os problemas com o andamento não param por ai. O defeito se torna ainda mais grotesco com a futilidade no aspecto documental embutido no longa, quando Xavier resolve intercalar depoimentos de pessoas com frustrações amorosas ( mas, que na verdade é a própria frustração com a vida, num todo), onde até mesmo as técnicas de filmagens se tornam previsíveis.

Não defino o caso a três como um triângulo amoroso, mas sim como uma guerra dos sexos ou uma briga entre os personagens com o próprio eu, buscando as melhores armas no outro e isso também argumenta a obviedade do destino de cada um. Espectador que se preze logo percebe o final da história e se prezar mais ainda, irá saber desde o título do filme. A análise de cada figura poderia até render, mas chegaria eu no mesmo destino emocional de cada personagem, assim como acontece com todo “Amores Imaginários”. E por mais que a cada tomada seja como se ele nos dissesse: “ Olhem como sou diferente”, certamente o canadense não se encaixaria no perfil do movimento que Truffaut criou pela falta de autenticidade do diretor.



ロロ (Filme Razoável)

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