Três extremos (Three extremes - 2004)



Filme divide-se em três contos: The Box (Takashi Miike), Dumplings (Fruit Chan Kwoh ) e CUT (Chan-wook Park).

A Caixa (The Box), de Takashi Miike

Para quem viu os bizarros "Ichi, The Killer" o chocante, porém sublime, "Visitor Q" e a sátira aos filmes orientais clichês, "One missed call", irá se surpreender com o poético e circunspecto Miike em um filme com uma magnitude na fotografia, nas atuações e principalmente na própria história. É um roteiro silencioso, tristonho e ao mesmo tempo sombrio em que o japonês molda as situações de forma com que o espectador frise os olhos a tela e que reflita o olhar para si mesmo. Usa um contexto forte de inveja em plena uma fase inocente, a infância, cujo direciona um certo catolicismo a situação vivida pelas personagens, pois , segundo a tradição católica , por ocultar as bênçãos recebidas para si e elevar a qualidade do próximo resulta em condenação, e essa penalidade para a personagem é o sofrimento de receber uma vingança em que ela mesma constrói em seus sonhos.

O que Takashi não inova aqui é a maneira extremamente única e qualificada de proferir imprecações contra o Ser humano, mas sempre de uma maneira diferente e com resultados cada vez mais divergentes, porém comoventes.

Escravas da vaidade (Dumplings), de Fruit Chan Kwoh

Da mesma maneira que a vaidade é o “pecado original” mais grave, esse longa também é o que nos apresenta maior gravidade de como a boa aparência está se tornando mais do que uma busca pela auto-estima. O diretor pouco conhecido Fruit Chan mergulha fundo na ignorância de uma personagem que sabe do que foge, mas não sabe o que realmente busca, além de ligar pontos extremos do roteiro: a imoralidade e o orgulho. Kwoh nos mostra algumas cenas não muito fáceis de assistir, porém não chegam perto de serem grotescas e entram no contexto de um roteiro tão limpo e dominante.

Fruit Chan Kwoh é um diretor que merece mais atenção.

CUT , de Chan Wook Park

Aqui temos o filme mais técnico entre os contos. O mais direto também. O diretor não rodeia para criar seus personagens, pois deixa que o espectador acompanhe o seu desenvolvimento assim testemunhando as ilimitações que podemos possuir. Assim, Park perturba, induz e interroga o espectador. Faz uma espécie de peça teatral com um cenário cárdeo por associar-se a frieza e depressão, com um personagem cético e anti narcisista enxuto de desgosto com profunda antipatia e rancor, onde faz do seu ódio uma gangorra entre os desejos conscientes e inconscientes. Mas no que realmente Chan-wook nos abraça é por conter diálogos e situações fortes e hipnotizantes, nos mostra uma violência de maneira subjetiva, mas que mesmo assim nos causa certa aversão, animosidade essa que faz dessas partes, cenas memoráveis.


Em resumo, definir “Três extremos” seria limitá-lo, e limite é o que os diretores dessa Obra-prima menos querem mostrar.
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Cotação: ロロロロロ (FilmeS excelenteS)

4 Response to "Três extremos (Three extremes - 2004)"

  1. É aquela coisa ... o cinema oriental já fez grandes filmes ... porém com Three Extremes conseguiu ser não só apenas um filme de horror ... mas sim uma transgressão de violencia e arte como poucos ... esse filme é daqueles que podemos dizer ... vi uma pintura movél ...

    PS: Byung-hun Lee na realidade faz parte do conto Cut de Chan Wook Park e o ator já é velho conhecido da filmografia dele já que ele participou de Joint Security Area ...
    até

    Anônimo says:

    Já me indicaram-o, mas simplesmente não consigo encontrar. Seu texto só reforça o quanto preciso urgentemente procurar por ele.

    Ciao!

    Anônimo says:

    Alyson, meu segmento favorito desse filme é o dirigido por ChanWook Park. Fiquei agoniadíssima com a história.

    E acho "Escravas da Vaidade" super estranho. Mas, isso já era claro pela presença da Bai Ling no elenco. ;-)

    Caramba...

    Haja equilibrio emocional e psicológico pra esses 3 filmes! Bacana o texto, quero ver o mais rápido...
    Abraço

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