Um Olhar do Paraiso, de Peter Jackson


As ultimas animações e filmes de aparência infantil nos entregam trabalhos com uma estética pueril, mas com um enredo que não é direcionado apenas ao universo dos de pouca idade, mas também para o público adulto e assim demonstram conteúdo e precisão para conquistar todas as idades. Porém com uma estética aparentemente também infantil, mas por vezes ridículo visto em “Um Olhar do Paraíso” de Peter Jackson é diferente. E não só nisso, pois com seu processamento garrido, inútil e absolutamente inepto do romance de Alice Sebold, Jackson bateu no ponto baixo entre os anais das adaptações. O negócio é feio, mesmo que visualmente bonito.

Se você é do tipo com uma ideologia que se propõe a melancolia e inutilidade, (leia-liberais), você pode até gostar deste filme. Eu prefiro não ter pessoas que sofrem com essa flagelação visual ao meu lado. E sim, por mais que consiga movimentos de câmeras que só enaltecem a fotografia que também é digna e curiosa (repare a cena em que Susie está no shopping com sua avó e como há um contraste entre o ambiente e o figurino e os olhos de Saoirse), ainda assim chega a um ponto que enojam em cruzamentos de tons que não vão de encontro com o sentido que a cena quer passar .

Aliás, ao terminar o filme eu não entendi o que realmente tinha visto, se tratando de roteiro; a única convicção que tinha é que era péssimo e que veio de uma premissa moldada pelo contexto do próprio diretor, que quando viu tinha uma hora de filme e ainda estava perdido, não sabendo de onde tinha começado e muito menos de como terminar. Jackson cria linhas e, no entanto, nunca se sabe como conectá-las para formar uma história coerente o suficiente. Ele parece querer saltar sobre cada tema que seja possível expor e isso faz com que transborde pontos de interrogações da tela e assim ir pulando de personagem para personagem do ponto de vista de sua perspectiva e ficamos num buraco onde as respostas dessas interrogações nem chegam próximas de serem saciadas.

O que vem a nossa cabeça durante e ao término de “The Lovely Bones” é: Isso seria uma história sobre a nossa percepção do céu? É sobre um anjo da guarda em busca por seu assassino? É uma parábola sobre Deus e sobre quais são nossas percepções do paraíso? É apenas uma representação Espírita, relatada através da menina e as atitudes fraternas? Ou é mais sobre o colapso da unidade familiar sob o peso da grande tragédia? E isto leva Jackson se sentir completamente confuso, às vezes o espectador pode não entender o que o diretor quis passar, mas a sensação aqui é de que não existe sentido para nada. Vai do escuro e sombrio a luz quente, melodramática e, por vezes, uma tentativa de manipular as emoções alheias através das cores. Claro que os aspectos da rotina de uma história envolvendo a tragédia estão lá, mas é realizado de forma sujeitas as incertezas do acaso que nem mesmo o elenco pode salvar o que ocorre.

Se estamos diante de um filme com características espíritas, porque não tomar essa posição definitivamente? Quando Suzie tem acesso à vida após a morte, nada parece ter um objetivo real. Ela está indo para o céu ou ela está condenada a suportar a vida de sua família ou denunciar o assassino e seu subseqüente assassinato? Certo que no espiritismo as almas podem vagar, caso tenham sido assassinadas e as atitudes de quem se pertuba (no caso, o pai de Suzie, por exemplo) o espírito pode intuir, mas em momento algum houve qualquer indicação real, assim como toda a gente aqui vagueia em torno de uma neblina, enquanto a história muda ritmos com freqüência. Jackson tinha um grande aperto no sobrenatural antes, mas aqui não doma toda magia e o mistério.

Peter Jackson não só acaba com a história de Sebold e entrega um roteiro precário, mas também desvaloriza o seu elenco. Saoirse Ronan sofre com o turbilhão de emoções quase sempre exageras que a obrigam a passar e, por vezes, acaba caindo no ridículo. Rachel Weisz se apaga. Nem sentimos sua falta, quando ela sai um tempo de cena. E o pior é que eu achava que Mark Wahlberg estaria artificial apenas em “Fim dos Tempos”. A única contaminação não é vista no papel de Stanley Tucci. Convicto, sem exageros e com uma personalidade oscilante que só acrescenta elogios ao mesmo, mas não tem jeito: Jackson prejudica um trabalho sólido a partir de um elenco bom.

E em tanta dificuldade de apresentar algo original, ou devidamente contado, Peter mesmo quando possui todas as premissas que pareciam serem boas faz com que estas sejam embutidas em excesso sobre uma parte da história, mas só mostra que diretor foi autorizado a transbordar de seus limites, resultados disso visto em conjuntos do caráter fantástico que ele sempre sonhou expor em uma confusão grande, extremamente exagerado. É preciso um diretor muito talentoso para fazer um filme sobre a vida após a morte. É muito fácil cair em espiritismo fácil e numa retórica banal, mas parou no interesse em coreografar as cenas do paraíso que aguarda o personagem principal.

Triste pelo resultado e não pela história.
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(Filme Regular)

11 Response to "Um Olhar do Paraiso, de Peter Jackson"

  1. Gostaria de saber qual era o objetivo do Jackson. E o que era aquele pai idiota vivido pelo Wahlberg? Decepção.

    Abraços

    Eu achei ruim. Jackson viajou na maionese ...

    Um filme detestado por todos os blogueiros do mundo - menos eu.

    abraço

    um filme que tinha tudo para ser uma grande obra e ficou pelo caminho infelizmente,
    uma pena!
    bjokas,
    vivi

    p.s: vai la no cinefilando que tem promoção por lá!

    Caríssimo, tem MSN?

    Se puder, manda por comentário.

    Abraço

    BRENNO também me decepcionei com o filme. O trailer era lindão!
    E esse labirinto que Jackson não conseguiu sair e a atuação pífia do Wahlberg
    são apenas pequenos exemplos.

    HUGO como eu disse, ele teve a liberdade de fazer o que bem queria, que era
    exagerar sem nenhuma preocupação e deu no que deu.

    CRISTIANO sempre há um argumento que justifique o lado contrário. Que bom!

    VIVI é isso mesmo! Beijos!

    Wally says:

    Realmente regular, mas dou 3 estrelas porque Jackson mostrou diversamente porque é um diretor tão brilhante. Pena que o resultado seja tão inconstante.

    Pra mim, a maior decepção em anos! Custa a acreditar que "Um Olhar do Paraíso" saiu das mãos talentosas de Peter Jackson. A introdução estava fluindo, mas depois da morte de Saoirse Ronan, o filme tem problemas de se identificar como um drama ou uma comédia - Susan Sarandon merecia um Framboesa aqui. Essa alternancia arremessava o espectador para longe, dificiltando o processo de aproximação do filme.

    Enfim, um buraco na filmografia até entao impecável de Jackson.


    ABS, Alyson!
    Primeira vez que venho em seu blog. Sucesso!

    Eu tinha me atraido pelo filme, mas não gosto de filmes confusos que não conseguem passar sua imagem, sua proposta.
    Obrigado pela dica!
    nossacinemateca.blogspot.com

    WALLY, realmente ele é brilhante naquilo que ele mostrou de bom no filme: Efeitos visuais. No mais, as vezes escorrega feio.

    ELTON, também me decepcionou bastante e nem a introdução é boa! rs! Abraço, volte sempre e sucesso a você também!

    MARCELO, é, há uma diferenciação entre filmes que confundem e filmes que SE confundem, realmente

    Abraços!

    Um filme muito odiado pela crítica que fez de tudo para detoná-lo (por vezes de forma até desonesta). Eu gostei do resultado, mas acho que é um filme para se ver depois de ler o livro da Alice Sebold (ela própria uma vítima do estupro na vida real).

    Quanto a atuação de Mark Walhberg: ele pode saber fazer Max Payne, O Atirador, Os Infiltrados. De drama ele não entende. Não adianta os diretores insistirem com ele!

    Cultura? O lugar é aqui:
    http://culturaexmachina.blogspot.com

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