O Segredos de Seus Olhos, de Juan Jose Campanella


Eu não vou desistir nunca. Vou sempre esperar por ela. Tenho esperança, por mais que isso tarde e me corroa por dentro a cada minuto que eu estiver a respirar e mesmo que cada suspiro seja um ponto de interrogação da incerteza desse caso, vou estar à guarda da concretude dessa intriga, que me fará eternamente triste ou feliz. Falo da injustiça, do amor e de o Segredo dos Seus Olhos.
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Dirigido por Juan Jose Campanella e roteirizado por ele junto com Eduardo Sacheri, com “O Segredo dos seus Olhos” estes trazem mais uma história simples que pela sua condução charmosa enaltecem a simplicidade e ,mesmo com uma narrativa que segue convencionalmente, ainda assim nos entrega surpresas a cada passo e a cada segredo que se torna ambíguo nos olhos das figuras, mostrando assim que são poucas histórias onde os enigmas e obstáculos da mesma estão nos olhares dos personagens , o que automaticamente mostra o talento incontestável de Soledad Villamil, Ricardo Darín (Benjamin) e Pablo Rago (Morales).
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Tecnicamente o diretor tem um tímido cuidado na maquiagem e na estilização dos espaços, mostrando que também queria algo simples visualmente, mas que mesmo assim não passasse por despercebido, além disso, apenas citam minuciosamente referências políticas. O filme não é vistoso, mas não precisa ser: Até aqui, só alusões. Porém o que Juan Jose realmente parece querer demonstrar é uma história de caráter mais humano, mais introspectivo e sempre ditando de que há algo de relevante a cada diálogo e situação excitante dos personagens.
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Por vezes, dividimos nossos segredos segurando uma caneta que grava em papel coisas que não queremos (ou não pudemos) dividir com ninguém. E é disso que reflete a posição de Benjamin após 25 anos do caso que o corrói durante todo esse tempo, sobre um estupro e homicídio de uma jovem.
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Benjamin é inseguro e frágil quando está diante de uma situação de apelo emocional. Ele repete a mesma cantada com todas as mulheres e depois elogia um dos seus amigos de trabalho pela capacidade de diversidade com elas, e isso pode refletir essa dificuldade de expor sentimentos que afloram mesmo que passem mais de duas décadas.
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Diferente dele, o personagem Morales, que é a explosão de tentações vitais, desabafo das fraquezas humanas e rendimentos do homem diante de suas paixões. Morales é sempre espontâneo, em qualquer dos sentidos que são transportados de suas falas, que se dividem em momentos cômicos e instintivos. E Irene é um símbolo para fazer jus ao nome dessa história. Pela sobrevivência desse romance trancafiado (voltando a como Benjamin guarda aquilo que o aniquila) partir através de seus rostos e olhos, em vez de diálogos. Eles estão separados por classe e status , mas o coração não entende dessas coisas, e a atração fica. É uma das paixões que não somos libertados. Amor injusto.
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Embora seja estruturado como um thriller, e seu enredo dominado pela obra do detetive, O Segredo de seus olhos é realmente um conto de advertência sobre as conseqüências de uma vida de muita apreensão e decoro, que depois de quase três décadas é libertado de um ser martirizado até a entrega de um final surpreendente. Isso e muitas outras vertentes se justificam nas falas: ``Como você vive uma vida que é cheia de nada?'' e surge a resposta “mas, nunca é tarde demais para consertar as coisas”. Eis a resposta que estava em cárcere.
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Tão poderoso quanto à força do amor e o domínio da injustiça é a construção desse mistério clássico e elegante, que se desdobra num romance que nunca se abre, assim como seu personagem, assim como os segredos mais ocultos que se tem guardado e que vai nos degradando cada vez mais, enquanto aqui duram vinte e cinco anos, para outros são soterrados a sete palmos do chão.
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(Filme Ótimo)

10 Response to "O Segredos de Seus Olhos, de Juan Jose Campanella"

  1. Nossa, um dos seus melhores textos aqui! Bem concebido mesmo.

    Não vi o filme ainda, mas gostei de saber desse lado mais emocional e do teor de romance que permeia nele.

    abraço!

    Eu sou um apaixonado por esse filme. Acho que ele trata de temas muitos próprios de maneira singlar. Questiona coisas que tem um interesse social interessante.

    Wally says:

    Ainda não assisti! O que é lamentável, porque estou muito curioso.

    CRISTIANO, Obrigado! Assista, é de qualidade mesmo.

    ROBSON, Realmente ele se divide bem em trabalhar com termos particulares e universais.

    WALLY, Assista! Acho que tu vai curtir!

    Anônimo says:

    infelizmente ainda não tive a chance de conferir.

    Kamila says:

    Estou doida para conferir este filme. Só tenho lido elogios à obra!

    É lamentável um filme tão elogiado, ser esnobado nos cinemas. Quero vê-lo. Parabéns pelo novo visual do blog.

    ABRAÇOS

    Hey Alyson!
    Preciso assistir esse filme. Sou grande fã dos filmes anteriores de Campanella, acho de uma humanidade e naturalidade impressionante. Este, ainda mais com o selo de qualidade da Academia, me deixou curioso. =)


    Cara! Tu fez o primeiro ano do Drummond em 2005? Será que nao estudamos juntos? rs
    Eu não me lembro, mas a minha namorada te conhece. O nome dela é Karen e ela disse que estudou contigo no terceirão. =)

    Quando vier pra Mgá, dê um toque no blog, combinamos uma sessão - agora abriu mais salas de cinema na cidade.


    E, cara, demais o tema da sua monografia! Irmãos Coen! Eu disse lá nos comentários do meu blog, mas repito aqui: quando estiver concluida e publicada em algum lugar, me mande o link. Faço questão de ler ;)


    grande abraço!
    Adicionei o Cine ao Cubo no meu blog!

    CABARET, veja o quanto antes!

    KAMILA, e realmente merece todos esses elogios.

    BRENNO, cinema estrangeiro realmente não tende a ser valorizado nas salas de cinema. Valeu pelo elogio! Abraços!

    ELTON, os cinco indicados a categoria estrangeiras são muito bons e esse, claro, não fica de fora. Abraços!

    Cara, ainda não vi esse filme. Tá passando no HSBC Belas Artes, do lado de onde eu tô hospedado e, acredite, acho que não conseguirei assistí-lo.
    Quando sair em DVD eu o loco e assisto.

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