Por um Novo Terror - Parte 1

Em tempos distantes, percebe-se dentro do mundo da arte que a mudança de períodos possui um grande intervalo entre um e outro, uma crescente bem mais esmiuçada das características a serem impostas a cada movimento. Entretanto, num aparente reflexo social os estilos artísticos sofrem mudanças mais repentinas e se tornam conseqüentes de um público que não degusta por muito tempo de um modelo literário, musical e cinematográfico único. Leia-se este ínterim como média de um a três anos de diferença, distinguindo assim dos ciclos antigos que eram divididos, no mínimo, entre décadas.

No cinema, o terror é um dos gêneros que mais apresentam a escassez de não conseguir dar sustento a pressa e a experiência que o público vem ganhando com o tipo, mas isso colaborou com a consagração de alguns filmes, de algumas novidades suprindo necessidades de algo novo e com isso resultou em curiosas tendências dentro da década passada. “Pânico” é um exemplar para o gênero não somente por seus argumentos técnicos, mas também pelo o que representou para o terror e fechou no final dos anos noventa e, por tudo o que significou, se tornou a base para o começo dos próximos anos.

A terceira parte da franquia pegou os anos 2000 e assim o inicio dessa nova década ainda apresentava vestígios de como terminou os anteriores com filmes de seriais Killers, que levava os adolescentes ficarem atentos a cada lançamento de um novo mascarado nas telas, principalmente as seqüências de longas que embarcaram junto ao sucesso de “Scream”, como “Lenda Urbana” (1998) e “Eu sei o que vocês fizeram no verão passado” (1997) que também deram continuidade à franquia no inicio dos anos 2000.

Havia então a condição dos espectadores da época fazerem dois tipos de viagens : a safra teen conhecia este estilo de filme praticamente quando as franquias estavam próximas ao seu desfecho (ou ao menos a uma paralisação) e fazia pelo encantamento – para eles novo- das terceiras partes, conhecerem as primeiras. A outra viagem é para quem já havia embarcado desde o lançamento de suas versões originais, pontes para o sucesso das trilogias. De qualquer maneira, bastava saber que a história era de um mascarado que tínhamos que adivinhar até o final a sua identidade, que era o suficiente para atraí-los. A situação era tão instigante que já me deparava com pessoas chateadas com Jason e Michael Myers por serem assassinos que não tiravam a máscara no final pra mostrar quem é. Tsc.

É interessante notar que o alvoroço juvenil por esses “slashers” fizeram com que trabalhos como “Premonição” (2000) recebesse uma atenção um pouco depois de seu surgimento. Algo semelhante acontece até com o melhor filme do inicio da década que foi “Os Outros” (2001) de Alejandro Amenábar. Porém, o que iria realmente começar, de 2002 em diante principalmente, era um conjunto de refilmagens de obras antigas ou de outras nacionalidades, com destaque a asiáticas. E então, nestes anos a maior referência aos Remakes se dá a “O Chamado” (2002), adaptação do japonês “Ringu”. A versão americana foi bem aceita pelo público e consideravelmente pela crítica, em seus dois meses em cartaz manteve sempre entre os dez mais e entre os mais comentados pelo público também, deixando cenas clássicas ao espectador.


Sendo o princípio de tendência, acabou sendo a base para o sucesso de outros filmes, alguns também adaptados do Japão, como “Água Negra” de 2005 e “A Chave Mestra” do mesmo ano, que foram carregados no marketing de “dos mesmos produtores de O Chamado”, concretizando assim a influências nestes anos. Das refilmagens de obras clássicas, em 2003 Marcus Nispel dirigia, na produção de Michael Bay, “O Massacre da Serra Elétrica”, refilmagem do clássico de 1974, mal recebido pela crítica, mas conseguiu ao menos ser bem assistido pelo mundo, apesar com os problemas de lançamento.

A conclusão dessa primeira parte sobre a alternância do terror nos anos 2000 é o princípio de um problema que talvez não previsse os fãs e nem as próprias indústrias referente à como conquistar o espectador, principalmente ao comparar o quanto este gênero significa para a história no cinema e como eram os ávidos espectadores da década de oitenta, por exemplo. O método da repetição, somado a busca do novo fora da própria cultura mais ainda com uma ou duas obras relevantes apenas, determinavam o ciclo do horror no cinema. O sucesso então começa a não acompanhar a qualidade e o gênero começa a entrar em estado de urgência.

Cotações

Pânico 3 (ロロ) Filme Regular
Premonição (ロロ) Filme Regular
Os Outros (ロロロロ) Filme Ótimo
O Chamado (ロロ) Filme Regular
O Massacre da Serra Elétrica 2003 (
ロ) Filme Ruim
Água Negra (ロロ) Filme Regular
A Chave Mestra (
ロロロ) Filme Bom


12 Response to "Por um Novo Terror - Parte 1"

  1. Rafael W. says:

    Gostei da matéria, realmente interessante.

    http://cinelupinha.blogspot.com.br/

    Valeu, Rafa.

    Eu não sou dos maiores fãs do gênero, mas vira e mexe que curto um filme ou outro, ri horrores com o quarto episódio de 'Pânico', acho que a intenção era essa mesmo, não? Eu não consigo entender esse auê todo em cima de "Os Outros" vou rever! Enfim, Alyson, ótimo texto!

    tO humor presente em Pânico 4 é o que tem de melhor no filme inteiro, Cleber. rs! Abraço e valeu!

    Rafael MF says:

    Bom, a indústria do cinema é mesmo feita de ciclos. Os filme de serial-killer tiveram um pico no começo da década de 1980, entrou em decadência na de 1990 e ressurigiu no finalzinho dela, com "Panico". A sanguinolencia e o suspense sempre terão um forte apelo adolescente. Eu mesmo tinha 13, 14 anos nessa onda gerada por "Pânico" e não perdia um dos filmes lançados. De todos, o que mais me impressionou foi justamente "Premonição", e como vc disse, foi um dos menos valorizados na época (encontrou novo público no VHS e nas repetições do SBT). Embora atravessem uma época de maré baixa, aposto os slashers movies devem voltar à tona em breve. Mas, pra isso, eles precisam de um novo fôlego, de uma renovada, assim como Wes Craven fez. Ficar refilmando filme da década de 1980 (Sexta-Feira 13, Dia dos Namorados Macabro, Horror em Amityville, A Hora do Pesadelo, etc), além de ser uma ofensa ao original, não leva a lugar algum. Aliás, ótimo texto!

    Querido Alyson, seus textos sempre me fazem repensar sobre os gêneros e os filmes em si mesmos. Embora não me sinta inclinada para o terror, as discussões em torno do gênero e a sua própria relevância na história do cinema mundial me impelem a me deter um pouco mais no assunto. Neste sentido, o último que me indicou, Espíritos, realmente me surpreendeu; neste caminho, acompanho suas análises com uma visão mais democrática e suscetível a novas experiências "assustadoras"..kkk Beijinhos...

    Valeu, Rafa. Então, como eu disse, antes duravam mais tempos a predominância de um subgênero dentro do gênero, como o pico dos seriais killers em 1980 só parando lá em 1990. Agora, num ano, há um vai e vem de picos. E as refilmagens só vem para não acrescentar mesmo! Abraço!

    CLÁUDIA, disseste bem quanto a influência do gênero para o cinema, mas agora a situação - principalmente quando comparada - se torna lamentável. Beijo grande!

    Kamila says:

    Não gosto desse gênero, não é dos meus favoritos, mas gostei do seu texto. Parabéns!

    Valeu, Kamila.

    ótima reflexão... a importância de Pânico é realmente notória, um verdadeiro divisor de águas e um definidor de período. Mas o fato é que bons filmes do gênero estão cada vez mais raros.

    Valeu, BRUNO. Então, ou está cada vez mais raro ou o espectador já não se assusta com pouca coisa. Falarei sobre isso nas outras partes, abraço.

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