E lá vamos nós...

E neste domingo vamos conhecer os ganhadores de um dos piores anos da premiação mais badalada do universo cinematográfico, o Oscar. A bagagem de filmes este ano está bem fraca e até mesmo o trabalho por parte dos atores também não deixa nada memorável para esta edição. Deixo aqui as minhas apostas, visando o que a academia pode aceitar como melhores em suas categorias e não exatamente as minhas torcidas. Coloco por porcentagens as chances de cada longa e, mesmo sabendo que alguns têm zero por cento de chances de ganhar, ainda dei a sorte mínima a eles, pois pela lógica só pela indicação já há possibilidade de vitória, por menor que seja. Em suma, creio que a academia pode ter surpreendido nas indicações, mas se manterá previsível na hora de bater o martelo.

Real in Rio, por "Rio"

Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 2

O Artista

O Artista

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A Invenção de Hugo Cabret


Cavalo de Guerra

Cavalo de Guerra

O Artista


A Invenção de Hugo Cabret

A Separação (Irã)

Meia-noite em Paris

Os Descendentes

Rango

Octavia Spencer, por "Histórias Cruzadas"

Christopher Plummer, por "Toda forma de Amor".

Meryl Streep, por "A Dama de Ferro".

Georgre Clooney, por "Os Descendentes"

Michel Hazanavicius, por "O Artista"

O Artista

Não é bonito, mas é simpático




Histórias Cruzadas
(2011)

O tema onde a cor da pele determina o pensamento de uma sociedade já está quase se tornando um gênero único estampado nas plaquinhas das locadoras, mas obviamente que as produções vão aderir isso como uma fonte de investimento do que um alerta do quanto o assunto está ficando estereotipado. Porém, é mais do que evidente que o cinema também sobrevive de marcos histórico e a beleza da sétima arte por vezes está nisso: quando ela mesma não é o princípio de um feito, está ali para relatar um.

“Histórias Cruzadas” vem correndo todo este risco com o “público A” principalmente, referente à bagagem que trás. É um filme que trás todos os quesitos necessários para seduzir a academia e o público menos exigentes e os escancaram sem misérias em certas ocasiões. Entretanto, o diretor Tate Taylor não priorizou o que Skeeter na época quis fazer: chocar as pessoas com o preconceito contra os negros em Mississipi na década de sessenta. Não. Embora ainda caia em inevitáveis momentos de pura artificialidade, consegue impor uma energia de um humor que faz “The Help” ter mais sucesso na tentativa de ser carismático, do que triste ou impactante.

O retrato do racismo aqui se dá no pequeno distrito de Jackson em 1960 e acha base na vida da jornalista Skeeter (Emma Stone) que após se formar decide relatar a vida das domésticas negras, responsáveis pela casa e pelos filhos e filhas de seus donos. Dentro deste contexto, as armadilhas de uma narrativa como esta existe a cada passo do desenvolvimento e Taylor consegue do roteiro, até a fotografia e figurino escapar de algumas, embora não se possa negar que o diretor acaba se rendendo ao clichê, a dissimulação emocional, seja ela a lágrimas ou a agradar o público pelo o que querem ver, ao invés de outros caminhos mais consistentes que a obra poderia oferecer.

O que não chega a ser queda, mas sim uma opção extremamente falha da direção são as subtramas, voltadas a tudo que o filme deveria fugir. Os momentos direcionados para descrever a criação de Skeeter não possuem utilidade, quando antes mesmo de conhecermos sua história, a mesma já nos atingia com uma simpatia, conseguindo estabelecer um lugar para a sua figura dentro da narração, para assim percebermos quem está contra ou a favor aquilo que dará motor a intriga da narrativa. Ainda que acertadamente um senso de humor paire no ar mediante a cada atitude de rejeição, deixando a ironia sobressair-se a cerca da ignorância do preconceito.

Contudo, o que faz “Histórias Cruzadas” um bom filme em primeira instância é o elenco. Afiado, motivante ao trabalho de Taylor e mais empolgante ainda ao espectador. A qualidade conjunta está no quanto querem levar carisma a quem assiste, mostrando nitidamente que davam o melhor de si e amavam seus personagens. É como se o orgulho feminino de atuar se associasse a histórias das mulheres da época e a atuação mais servisse para homenageá-las do que para serem futuramente homenageadas (como sou bondoso, não?).

Dado isso, figuras de fácil agradabilidade ficam conosco, mesmo após o termino da fita. A surpresa está em Jessica Chanstain, única branca que sofre preconceito, vítima da substância patética social quanto a não seguir uma linha de pensamento atribuído ao luxo de quem dita as regras por aquilo que tem. Depois Emma Stone teve tantos elementos contra ela como as já citadas subtramas, por se envolver nos piores momentos do filme, além dos inexpressíveis momentos do relacionamento com um namorado, que torna desprezível o fim que leva os dois. Porém, o reconhecimento da atuação está na vitória dela mediante a essas situações superadas no sucesso que encontra na seriedade das entrevistas.

A força do elenco está em quem faz o papel das governantas que tem que seguir uma linha de submissão dentro da história e se virarem para não deixar isso afetar suas atuações. Sendo assim, os maiores reconhecimentos se devem a Viola Davis nesta ocasião. Sua feição engole toda à atenção das cenas (basta reparar sua postura ao lado das outras negras na festa), mostrando-se eficiente nas versatilidades (Nos momentos que tem que pode um sorriso no rosto, em meio a cara fechada, ou na tensão no mercado ou no susto ao chegar na igreja).Já para Octavia Spencer no papel de Minny tem que enfrentar alguns momentos discutíveis quanto à necessidade (como a relação com o marido) entrega uma boa atuação, por mais que esteja sofrendo com a expectativa que colocam em cima de seu trabalho, por estar sendo tão ovacionada nos festivais. Existem bens, que resultam em males também.

Sendo assim a qualidade das atuações colaboram com o desenvolvimento visto nos personagens, que contribuem ao carisma salvador do filme, pela vulnerabilidade de algumas figuras nos oferecerem momentos tão divertidos, a simpatia com quem sofre os preconceitos, unidos as asneiras daqueles que o praticam tornam os elementos impares do roteiro, em meio a um tanto de erros encontrados no mesmo. Porém, pode-se observar também a estética do filme indo ao encontro a essa característica vivaz, buscando nas cores quentes a harmonia necessária para tirar a seriedade da história e colaborar com o clima divertido embutido. Junto a isso, o figurino e a maquiagem anexados ao ambiente também causam graça e leveza ao contexto narrativo.

Da mesma maneira que não se pode negar que se aprofunda em equívocos graves, também é de se considerar o caminho que Taylor tentou engrenar, mas não conseguiu o suficiente para fazer de “Histórias Cruzadas” mais que um bom filme. O filme passa por uma situação em que as indicações ao Oscar mais servem como um pretexto ao ódio que vem ganhando de certa parte do público. Já tivemos até “Um Sonho Possível” indicado, com Sandra Bulock ganhando como melhor atriz e nem por isso houve uma manifestação tão grande de repulsa a obra. E assim, podemos reparar que a qualidade quando dita maior do que realmente é, pode deixar algo mal encarado. Espero que não aconteça isso por aqui.


ロロ (Filme Bom)

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