Abrams S2 Spielberg



Super 8 (2010)

Certos diretores não colaboram com a nossa situação de escrever sobre os filmes que eles fazem. Por vezes, temos que procurar caminhos para falar de erros e acertos que até os espectadores mais distantes da cinefilia já esperavam que fossem escritos. Nós, como pseudo críticos dos clichês vistos em telas, não podemos também ser repetitivos. Contra testemunho é um pecado grave e procuramos à salvação e os ateus a coerência. Aqui, em “Super 8”, Abrams nos obriga a levar diversos fatores em consideração por se tratar de um cine homenagem, mas temos que procurar a justiça ao dizer que o diretor mais me parece inseguro do que cauteloso.

Mas, quando banda amadora canta música famosa da até para sentir um ar de qualidade. Coisa semelhante acontece por aqui, pois o resultado final é um filme apenas bom. O diretor, roteirista e produtor J.J. Abrams sobrecarrega esta aventura com tanta preocupação na homenagem ao seu co-produtor Steven Spielberg, que ao jogar com os maiores sucessos do diretor, esquece de ao menos trazer as sensações características da ficção, chegando às vezes a vetar o sentimento de admiração. O pior de tudo isso é que o agrado do preito prestado fica preso ao autor e ao homenageado, não atingindo completamente o espectador.

A razão do nome não vem do monstro como de costume, mas sim do modelo de câmera utilizado por um grupo de adolescentes que estão gravando um filme amador, numa estação de trem, quando de repente acontece um grande acidente. Com a sobrevivência de todos, a turma foge quando percebe a chegada de uma patrulha. Tempo depois, a intriga da história vai se formando com o desaparecimento de algumas pessoas na cidade e a preocupação do exército com alguns objetos perdidos no acidente.

Um desses objetos fica com o protagonista Joe Lamb (Joel Courtney), que compõe um elenco que qualifica o filme e o livra de ser uma bomba de vez. Os personagens de apego instantâneo fazem com que qualquer ação e caos tenha significado, pois o público se preocupa com as pessoas presas dentro do turbilhão. Michael Giacchino responsável pela trilha sonora eleva a aura nostálgica do filme, conseguindo uma referência que não leva apenas a nossa mente a década de oitenta, mas consegue perfeitamente nos trazer uma sensação única durante a projeção. E é desse mesmo sentimento que percebemos a falta ao assistir esse trabalho de Abrams: o enredo é calculado, orgânico, preso aos limites e o resultado é mais uma fórmula testada pelo tempo, em vez de uma criação natural.

Esta fusão de duas sensibilidades cinematográficas, embora eficaz em certos momentos, não é tão excitante ou envolvente como esperavamos. Infelizmente, o J. J. parece que ficou olhando apaixonadamente para Steven Spielberg e não percebeu que seu amor criou o próprio paradigma que acabou limitando seu projeto, forçando esta viagem nostalgica a funcionar como um blockbuster, fazendo com que o longa permaneça com a aura de coisas que já vimos.

Até eu ja estranho estar fazendo o ultimo parágrafo deste modesto texto para um modesto filme de estimados cinquenta milhões de dólares. O problema com o "Super 8" não é o quanto reclamar, mas o pouco que há para ser exaltado. Se conseguisse a façanha de equilibrar a auto-consciência sobre os velhos tempos com os olhos voltados no tempo presente, conseguiria ser mais notável. A principio parecia conseguir, mas depois só caminham para a escuridão, literalmente. Nada passou de uma Paixão momentânea.

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Filme Bom ( ³ ³ ³ )

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