"Aquela Cena..."

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Uma das maneiras de usufruir de algo mais desconcertante para fazer de uma história ou de uma cena um momento mais forte é colocando crianças para participar de tal. Poderia até colocar outras cenas de “Desejo e Reparação” aqui, como a linda cena final, ou a beleza que é fotografada na guerra, mas essa cena, em que Briony (Saoirse Ronan) aparece e flagra Cecília (Keira Knightley) e Robbie (James McAvoi) numa cena de sexo, foi a que mais me chamou a atenção no filme, justamente por colocar a ética em jogo e colocar em pauta uma parte que não é comum e trás uma situação interrogativa, e num instante que deixa o espectador em situação paralisada, como se estivesse vendo um filme de horror.
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O Filme Antigo do Mês

Disque M para Matar (1954)


Mais uma vez Hitchcock exige de seu elenco com seus constantes diálogos e poucos cortes, sempre preparando o espectador para o que virá a diante e assim causando a ruptura quando chega ao ápice do conflito e do clímax. Podemos dizer que “Disque M para Matar” é um “Festim Diabólico” mais amplo. Alfred usufrui mais dos espaços proporcionados, mesmo que a casa do casal seja usada na maior porcentagem do filme, com uma ou duas câmeras fora do cômodo, algo que não ocorreu de forma alguma em “Festim” que nem atravessou direito à sala de jantar.
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Diferente de outros filmes do diretor, aqui, Hitch prepara o observador para os momentos mais tensos de maneira mais ágil e mais densa (Como em “Psicose” e “Os Pássaros”, diferente de “Janela Indiscreta”). A conversa dos sempre brilhantes atores Anthony Dawson (O Assassino) e Ray Milland (O “vilão”) na introdução da história faz o espectador concentrar-se para os atos que serão cometidos para ambos os personagens. Quando simulam o assassinato, nós já grudamos nossos olhos a tela e daqui para frente nossa atenção passa a ser automática. Típica de Hitchcock.
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A partir de um momento, quando tudo parece previsível e mais próximo do epílogo, o roteiro nos engana prolongando ainda mais a tensão do filme, nos deixando intrigados pelas voltas da situação do triangulo amoroso, junto com o excepcional ator Patrick Allen, no papel do detetive Pearson , que cresce a cada entrada em cena, tanto como profissional quanto o seu personagem, que serve como um pivô por intrigar ainda mais a narrativa , em relação a Margot, interpretada pela linda Grace Kelly. Atores que se transformam em bonecos nas mãos de Hitchcock para completar toda a aura sofisticada de seu estilo, em todas as partes técnicas.
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Cotação: ³ ³ ³ ³ (Filme Ótimo)

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