Valsa com Bashir (Waltz with Bashir)


Pouquíssimas vezes alguém retorna a sala de cinema para rever o filme que acabara de assistir. Ainda mais quando a segunda vista se torna cada vez mais forte em suas emoções e fazendo observar mais detalhes que só acrescentam à obra e quando terminamos essa revisão nos resta um gosto na boca de que deixamos de ver algo nele, ainda que já estejamos anestesiados com a junção de emoções sublimes e ao mesmo tempo chocantes que emerge da tela.
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Não só conseguindo cenas que ficam na cabeça durante um determinado tempo, mas sim para toda a vida de um cinéfilo, Ari Folman ousa ao ultrapassar as barreiras costumeiras de uma animação (Sim, tem “Persépolis”, mas não se compara ao impacto de “Bashir”) para mostrar a sujeira e impiedade de uma guerra, através de uma estética a principio infantil. Mas, por algumas cenas demonstrar os atos não saudáveis de alguns guerrilheiros, é bom tirar as crianças da sala, mesmo que o longa ainda obtenha conteúdos corretos para entrar na cabeça dos pimpolhos e mostrar a realidade em torno do mundo em que ele vive, mas ainda não conhece e que estará prestes a conhecer.
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Por várias vezes dava vontade de voltar a rodagem, por me ver hipnotizado com as imagens e com a trilha sonora que só com ela pode nos encantar e assim fazendo não prestarmos atenção em mais nada, tendo pouca atenção nos diálogos de extrema importância na complexidade do roteiro, todavia como os mistérios envoltos da memória (Na verdade, na falta dela) do personagem principal, que serve como apoio para reconstruir as lembranças de jovens soldados, relacionando com as profundas cargas psíquicas existentes no interior de cada um, pela realidade (Num estilo mais documental) que, por vezes, mais parece alucinações.
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Visualmente apreciamos momentos únicos, fazendo o desenho mais parecer um sonho por beirarem o sublime e pelos quadros também criarem uma atmosfera através dos recursos visuais que transmite pavor pela devastação de suas imagens. Pois mesmo com essa magnitude diante de nossos olhos, ainda Folman usa de momentos não tão fáceis de assistir por seu cinema coragem, original e audacioso ir muito além de qualquer comentário, por ir a fundo à guerra, principalmente a batalha interior e, portanto, não é em poucos parágrafos que se consegue expor as dimensões humanas.
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E mesmo que tantos adjetivos enfáticos supracitados sejam frutos da empolgação de acabar de vê-lo e depois venha a calhar que o filme não é tudo isso, que fique registrado que ele ao menos me conquistou durante um bom tempo.
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Cotação: ロロロロロロ (Filme Excelente)

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