O Nevoeiro (The Mist - 2008 )


Nenhum dos filmes com adaptações do Stephen King é um verdadeiro fracasso. Algo realmente terrível. Tudo depende do conjunto da obra. Do coletivo. E quando é para adaptar colocando na prática o que especialmente o mestre escreveu, ninguém melhor que Frank Darabont. E em "O Nevoeiro" ele prova isso de forma nítida e gloriosa.

Darabont sabe trabalhar com roteiro. Pois não é à toa que "A espera de um milagre" obteve a indicação de melhor roteiro adaptado, junto com melhor filme, e mais duas outras indicações, mas, infelizmente, ficaram apenas na concorrência mesmo. Assim como "Um sonho de liberdade "que foi mais além com sete indicações, incluindo também "Best movie". E depois desse longa , já está na hora de Frank granjear algo.

"Tem algo no Nevoeiro". King não dá e nunca deu importância ao que ocasionou aquilo ou qualquer outra coisa. A grande Neblina chegando já dá início, logo de cara, a uma história que abusa do psicológico de cada personagem e de seu próprio espectador, pois... O que era aquilo? De onde veio?

Frank e Stephen têm uma excelente química. Isso já foi provado duas vezes. E mais um contando com essa. Ambos, querem manter a tensão, explorar a mente, o medo, pois é o que você não vê que te assusta. A dupla também transfere, como uma demonstração, o caráter do Ser humano perante uns com os outros, as discussões internas de diferentes personalidades ganham destaque. Outra semelhança entre os dois é que gostam de tirar proveito de um único ambiente, como em "Um sonho de liberdade" que praticamente 80% do filme se passa numa prisão, neste caso, o supermercado.

Os efeitos CGI realmente não são dos melhores, mas fica claro que é proposital. Darabont levou para a moda antiga, como um filme que poderia ter sido feito há décadas atrás. E , assim como o mestre, a intenção não é focar os monstros, eles ficam como um caso extra. Um segundo plano.

Assim como a maioria dos trabalhos envolvendo S.K, a história é longa e com isso, obviamente , o filme também fica . Porém, a partir do momento em que você se envolve na trama, o tempo passa e, quando menos se vê , o filme está muito próximo do final. Esta é mais uma semelhança com os outros dois longas dirigidos por Frank em adaptações do escritor. Longos , porém envolventes.

O elenco está, surpreendentemente, ótimo. Thomas Jane trabalha bem.E tem sorte de não ter que exagerar, como Cusack foi obrigado a fazer em 1408. Marcia Gay Horden é a "Personagem King" da história com seus diálogos misteriosos , repetitívos e irritantes, ganhando adjetivo de Louca dentro e fora do filme. E sua encarnação ajuda ainda mais o roteiro , causando conflitos e uma das melhores cenas do longa , a crucificação da "Besta". Além também das qualificadas atuações de Laurie Holden e Andre Braugher.

O Nevoeiro é um filme Perfeito. Souberam assimilar o drama de cada personagem com os conflitos internos, as cenas dignas do gênero altamente tensas e, de certa forma, a religião de forma brilhante. Arrepia e ao mesmo tempo cativa. É agonizante. E o final, mesmo não sendo fiel ao conto, cujo fica em aberto, é de uma audácia incrível. Pode emocionar, ainda mais com uma música muito bem colocada. E mesmo com aproximadamente duas horas de duração, termina com um "gostinho" de “Quero mais”.
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Cotação: ロロロロ ( Filme òtimo )

Um Crime Americano ( An American Crime) 2008




Faça comigo: Aponte o seu dedo indicador para frente, como se tivesse apontando para um ser e repare que enquanto um direciona-se a uma pessoa , três retornam para você. Em um momento de pressão mental, não prestaríamos atenção no que vem a nós, mas sim no que vai para os outros. Nos erros alheios. Assim, a desequilibrada Gertrude Baniszewski, pratica suas excessivas e injustas torturas físicas, sexuais e morais sobre Sylvia com o intuito, para ela imparcial, de educá-la e ser um membro rígido e seguidor da igreja.

Com uma narrativa passada após todo o ocorrido, através do julgamento de “Gertru” , a estrutura do longa é bem delineada entre o psicologicamente nojento e o visivelmente chocante. Assim, o espectador deixa para sentir a tristeza do filme próximo ao epilogo mostrando uma personagem dividida entre o padecer e a sua fé.

O que Tommy O`Haver faz é definir suas vistas sobre quem tortura e não sobre quem é torturado. Sendo assim, Gertrude passa uma boa porcentagem de desconforto para nós observadores, não exatamente pelos seus atos, mas por sua situação psicologicamente imunda. Por isso Catherine Keener tem uma atuação fantástica, dando conta dos momentos mais difíceis, até puxando o destaque que era para ser de Ellen Page, que mesmo possuindo uma atuação no mesmo nivel do que em "Hard Candy" , mas um pouco inferior a "Juno" , aqui, como coadjuvante, a atriz mostra que se adapta a várias circunstâncias.

O`Haver ainda trai o espectador em seu desfecho sublime. Audacioso a sua maneira de torcer o clímax, mostrando que o que desejávamos poderia ter acontecido, mas tudo cai em um sentimento de peso sobre nós espectadores, pois a moral de “Um Crime Americano” é prevalente: no final das contas, todos tiveram a oportunidade de travar este crime e todas as torturas, mas ninguém fez nada sobre o assunto, nem eu e nem você. Por fim, é tanto a sua culpa, uma vez que de Gertrudes (Viu como a brincadeira dos dedos procede?)

Um dos filmes mais finos que mostra um dos mais horríveis casos do século XX , ainda que convivamos com essa crueldade hoje em dia, ao saber que uma criança foi jogada da janela de um prédio ou presa e torturada durante toda a melhor fase da vida.

- Porque você fez isso?
- Eu não sei, Senhor!

Cotação: ロロロロ ( Filme ótimo )



Nos Cinemas

Mad Detective ( Sun taam - 2007)



Johnnie To é considerado em seu país, na China, um mestre do cinema. Diz o próprio, que ainda procura o significado do cinema e que pensa um dia em trabalhar em Hollywood . Em 2007 , formando uma parceria com outro “famoso” chinês Wai ka-fai , fazem um filme que não facilita a narrativa para o espectador entender, fazendo assim um dos thrillers neuróticos mais originais já produzido.

O que elogio aqui é algo fácil de ser admirado no cinema asiático: atuações perfeitas, originalidade exacerbada e gostosa de ver, mesmo que aqui seja um filme por vezes complicado. O detetive Bun, possui um dom sobrenatural para prender criminosos , quando vivencia as situações das vitimas, por meio de simulações, que muitas vezes soam bizarras. Além de Jhonnie e kA-fai embutirem algumas situações dramáticas, para uma pessoa que é apresentada como louca em tudo que fala e principalmente sente.

A base do roteiro é forte: existe ou não pessoas com dupla personalidade? Aqui ela existe e o personagem Bun é quem carrega e libera toda a carga neurótica que cresce cada vez mais para o personagem e para nós. A direção cria os seus próprios consensos sobre as posições dessa condição mental da figura, transformando esse transtorno em algo real e não ilusório. Além de deixar termos psicanalíticos de fora e algo que não apresenta cura, pois aqui isso não é uma doença.

Ainda que tudo pareça loucura, tudo é verdadeiro e coerente.

Cotação:ロロロ+ (Filme Muito bom)

O Procurado (Wanted)


Também sou um contador e tomo remédio para ansiedade, mas o meu caso não chega aos pés do personagem Wesley Gibson, “bem” (aspas para tirar um pouco da força da palavra) interpretado por James McAvoy (Atonement). Com uma vida conturbada pela sua mulher, patroa, “melhor” amigo e pelo seu sistema nervoso, o diretor Timur B. transforma um personagem de vida sem planos para uma situação de auto-satisfação, deixando de ser um “nada”, envolto de outras figuras que o conhece bem mais do que ele próprio.

O elenco segue uma linha de determinação, mas não é nesse filme que conseguem suas melhores atuações, ou algo além do que já tenham mostrado. Mesmo, por vezes, Jolie chega a um nível auto de coerência com o que o filme mais demonstra: exagero. O ponto positivo é ele ser exagerado, mas com criatividade. Aqui, muitas coisas voam, dão piruetas, curvam, sobrevivem e morrem, mas não caem no ridículo. Graças a efeitos e câmeras não muito distantes de um Michael Bay (Transformers) e um Len Wiseman (Duro de Matar 4.0)

Em termos de inovação, “O Procurado” fica dependente de cenas surreais, para demonstrar isso. Mas, se tratando de um filme de ação, o longa permanece na normalidade e não era algo comum que esperávamos dele.
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Cotação: ロロ (Filme regular)

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