P2 - Sem saída (P2 - 2007) ³ ³




O que mais poderia chamar a atenção para alguém assistir P2? Rachel Nichols? Não, pois nem dá para ver muito bem seu decote no pôster do filme. Então seria Wes Bentley? Quem? Aquele que segura uma câmera em "Beleza americana"? Acho que também não. Frank Khalfoun será? Nunca ouvi falar. Bom, então só resta Alexandre Aja,é ele? Bingo.

Marketing, na atualidade, é essencial. Sendo ele ilusório, ou não. Aja carrega dois nomes de peso em sua carreira, "Hauten Tension" e "The hills have eyes”. Conseguir fazer um remake melhor do que o original em pleno o século 21 não é para qualquer um. Jovem, de futuro promissor. Isso, como diretor, pois como produtor não é ruim, mas quando se nota suas digitais na prova do crime, é bem melhor.


O "Tom e Jerry sanguinário" é a base de um roteiro simples. O ambiente é real. Mas, mesmo assim, não usufruíram muito bem. É como se escolhessem o local e dissessem "Vamos soltá-los lá e ver no que vai dar”. Porém, apesar da ausência de algo composto, o clima que demora a aparecer, mas, quando aparece carrega o filme até o fim, junto com a ótima trilha sonora. Esse carregamento não era para ser desses fatores, quando o longa economiza e concentra em apenas um único ambiente e apenas dois personagens( e um "cãozinho" ,que ladra mas não morde, correndo por fora) e sim,do elenco.

A direção e a atuação de Wes Bentley são regulares. Admito que fiquei curioso com um próximo longa ,desse mesmo diretor, em um trabalho mais livre à ele, pois em Hollywood ,geralmente,a produção fala mais alto e ,desta vez, não foi diferente. Mas, mesmo assim, não chega a ser de baixo nível. E, Wes,fazendo mais uma vez o papel de vilão, é algo meio que duvidoso, mas o que é de ter certeza é que ele não é ruim. Porém, não chega a ser concreto a sua alta capacidade. Faltou algo. Não sei o que, mas faltou.



No contexto, os dois personagens são bons. Mesmo o vilão querendo ser mais do que é, e a mocinha sendo a mesmice de sempre. A maioria dos clichês fluem de suas atitudes, e o roteiro, parcialmente, recebe essa acusação. Às vezes, alguns exageros irritam. O gore é bem usado e algumas mortes (as poucas) são boas. Cenas que se vê de maneira limpa, sem o famoso "treme-treme" ou algo do tipo. Méritos ao ator e estreante, como diretor, Frank KhalFoun? Ou seria à Aja?




P2 não decai o nome de Alexandre Aja, ou resulta em uma estréia ruim de KhalFoun,como diretor, mas não acrescenta nada à eles. Pode ser um filme lembrado moderadamente pelo público,porém um clássico...Jamais. Ou um filme memorável dificilmente será. Este longa tem lá os seus bons momentos, e uma média diversão. É um bom filme. Mas é apenas mais uma amostra de suspense por aí. Ah! Ja ia me esquecendo, Rachel Nichols está ótima... Do pescoço para baixo.
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Onde encontrá-lo: Já nas locadoras



Jumper (Jumper - 2008) ³








Um jovenzinho com super-poderes desvendando os seus dons, uma bela e doce mocinha, onde ambos possuem um objeto em que caracteriza o “amor” da dupla e um vilão imprestável para atrapalhar os dois pombinhos em suas viagens. Esqueci de mais algum termo batido? Ah! Posso acrescentar que os papéis de cada um são totalmente improdutivos e decaem assim como todo o filme.



Um roteiro que tenta complicar, mas fica em vão o ensaio de construir gradativamente os personagens e também de impor diálogos para que a história se torne atípica. A melhor fala do filme seria “Por que você anda?”(?) Uma única figura que merece perdão e compaixão é Jamie Bell. Uma boa atuação, um personagem que mantém uma coerência. É carismático. É povão.



Uma atuação medonha de Hayden Christensen , onde não demonstra nem se quer uma cena de confiança para acreditarmos em seu futuro. A mocinha Rachel Bilson é linda, olhar brilhante, meiga , mas não burra e aparenta ter sonhos em ser uma boa atriz no futuro. Faz meu tipo. Agora, “pêra ae” , Samuel L. Jackson parece que quer cavar o próprio tumulo ou está andando muito com Nicolas Cage. Uma atuação patética, fazendo um personagem obrigatório, mas sem efeitos, sendo o espertão, mais uma vez. Já não bastou o incompreensivo trabalho em “Serpentes a bordo”? Escrevam “Danger” aí.



Doug Liman é indigno. Tem uma trilogia como arma, mas aqui possui uns efeitos duvidosos e uma câmera que, por sua vez, faz jus ao nome do filme. “Jumper” pode ter lá os seus momentos e chegar a divertir, mas não é um bom filme nem aqui, nem na China, Itália, Egito ou Japão. Caso encerrado.
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Onde encontrá-lo: Ainda nos Cinemas

Uma Chamada Perdida (One missed call - 2008) ³


Não assisti a trilogia, mas vi o original. Os defeitos do filme mais fraco do diretor Takashi Miike ( Imprint) é a precária fotografia, uma pequena ausência de trilha sonora e , talvez, por deixar interrogações depois de finalizado. O remake “Uma chamada perdida” (com esse nome pode-se até dizer que define muitas questões no filme, tecnicamente falando) Não trás absolutamente nada de novo, apenas da uma “americanizada” na obra. O que já era de se esperar.

O estreante Eric Valette achou que, apenas colocando uma boa fotografia, acrescentar mais músicas do que o original e “tentar” esclarecer o roteiro positivamente embaraçoso que Miike usou , já seria uma vitória. Coitado. Visualmente ele conseguiu, mas a exploração forte na trilha sonora é, no mínimo, irritante. Absolutamente tudo ficou dependendo da sonoplastia exagerada. Dispensável. E a narrativa típica americana, onde tudo tem que ser “explicadinho”. Depois falam que é perseguição contra Hollywood , mas...

Os efeitos usados pela direção, além de descartáveis, são forçadíssimos. Não há “efeito” transmitido para o espectador. Vemos tamanho exagero em tentativas frustradas para criar um clima ou assustar em cortes rápidos. O longa não assusta quando tem que assustar , e quando Valette consegue tirarmos da poltrona são quando usa “sustinhos” baratos, usado apenas para não deixar um ínterim vago. Já envolvendo os outros complementos de um filme, o diretor começa a sua carreira de uma maneira péssima. Não soube conduzir o roteiro e, principalmente, encaixar o elenco.

Ao mesmo tempo em que tive compaixão da Shannyn Sossamon (só eu acho ela bem parecida com a Jessica Alba?) fiquei decepcionado pela aceitação dela nesse trabalho. Uma atuação perdida (literalmente) que em nenhum momento existe uma condução boa da atriz , algo que até chegamos a ver em “Regras da atração” (2002). Porém, além do diretor ter parcial culpa nessa decadência de Shannyn , ela fica ainda mais fraca quando encena junto com o co-protagonista , Edward Burns, que tem uma atuação horrível. A química é nula. O ator aparece do nada e serve como um tapa buraco para um roteiro pobre. Juntar um cara ruim para complementar uma narrativa ainda pior? Coragem.

Em “Chakushin ari” (2003) , Miike, mesmo não fazendo um longa que chega a altura dos seus demais trabalhos, nos proporciona uma seqüência extremamente tensa e uma maquiagem podre (num bom sentido) que compensa toda a película. E, para mim, era a maior curiosidade em saber o que fariam com essa parte (a do hospital). Burro eu em ter esperanças. A cena ficou apenas como uma prova de como esse filme é patético. Horrível. Não há transmissão ao observador e possui uma maquiagem forçada. Sem contar como “vibra” clichês no longa. E no final a “bateria” é fraquíssima.

“Imagens do além”, “O Olho do mal”, “Uma chamada perdida” e futuramente “Espelho”. Ufa! Para os fãs do terror , o lançamento desses filmes um atrás do outro é jogo duro (Ainda mais com um “Valette” na mão..rs) . “One missed call” é mais um longa totalmente dispensável. Isso para não dizer “desnecessário”, mais uma vez. Que o americanizaram, “marketearam” e venderam. E, do mesmo jeito que Eric Valette disse “Seu telefone, sua vida”, eu digo que foi, pra mim, “Sua estréia... Sua morte”.



Onde encontrá-lo: Já nos cinemas. E a versão japonesa se encontra em algumas locadoras.

Calvário ( Calvaire- The Ordeal- 2004) ³ ³ ³ ³


Onde pode levar uma mente perturbada pela ausência de algo, seja o que for, em que o amor obsessivo se torna um adereço fixo na pessoa sem ser designado por algo saudável ou não? Um negro amor inexplicável e que causa conseqüências extremamente forçadas lotadas de fantasias. Um fissurado vê tudo tão normal. Invulnerável. É tudo real e ao mesmo tempo satisfatório, e o termo “ilusão” é anulado. É você, querendo ou não.




A palavra “Calvário” tem inúmeros significados. Tanto figurativo quanto histórico. No filme, o nome tem coerências que resultam em explicações que o próprio título deduz com um ar interessantíssimo. Temos uma seriedade por vezes envolvendo religião , porém sem nenhum exagero podendo até passar por despercebido. E nos apresentam um humor negro doentio. Penoso. As bizarrices aparecem em momentos dolorosos para cada personagem. Figuras essas perfeitamente interpretadas, principalmente por Jackie Berroyer (Batel) pois nos convence de tudo.


A fotografia é digna de oscar. Uma das melhores que já vi. Porém, ela não está ali apenas para agradar aos olhos, mas também para complementar o contexto do roteiro. Pois, historicamente, quais são as supostas cores do calvário? (...) Frabice Du Welz, diretor do filme, é altamente técnico. Temos câmeras limpas, exploração com sucesso do ambiente, focos originais e curiosos. Reparam-se intertextualidades referentes à Bíblia e algumas “supostas” homenagens a pintores europeus, como o quadro “Calvário” de Josefa de Óbidos, com Jesus na cruz, entre outros nomes de personagens, principalmente Glória.






Calvário (Calvaire – the Ordeal) é um terror bem mais psicológico. Temos um personagem protagonista gradativamente explorado. Há transferências de um humor negro pesado para o espectador, além de ver a aflição vivida pelo “homem”. Fazer o mal por amor aqui não é antológico. Um sofrimento totalmente resignado com uma voluntariedade de um cargo a favor de outro. Uma conformidade.

-Diz que me amou
- Eu te amei

Filme ótimo


Onde encontrá-lo : Apenas em rede, infelismente.

Sessão ao Quadrado ²


A Batalha dos Ciborgues (Natural City- 2003 ) ³ ³

Já assisti quatro filmes coreanos até hoje: a obra-prima “O Hospedeiro”, “Espelho”, “Memórias de um assassino” e o slasher “Morra, ou diga sim” (acompanhe o comentário a baixo) e nenhum desses chegaram a me desapontar. Já “ A Batalha dos Ciborgues” que teve semelhante repercusão na Coréia , como foi para “The host” . Os dois nem se comparam, mas “Natural City” decepciona. É apenas regular (zinho).

A fotografia digitalizada e os feitos sonoros são muito bons, e as atuações são convincentes. Para por aqui. Pois, tanto visualmente quanto nas lutas os efeitos especiais são fraquinhos (mesmo, por muitas vezes, copiarem “Matrix” , até mesmo as posições de câmeras). São exagerados. Forçados. A mistura de ficção e romance “poderia” ser a razão de considerarmos o filme no mínimo bom, mas pena que estava nas mãos erradas. A tentativa de algo sublime é falha, e o apego pelos personagens, que nesses tipos de filmes é essencial, é vaga. Não sentimos importância para o destino de suas figuras. O diretor Min Byeong-Cheon tinha uma base de “Blade Runner” , um ótimo ator, protagonista do sensacional “Espelho”,Ji Tae-yu e o coreógrafo de lutas Jung Doo-Hong de “City of Violence” , mas perdeu a chance de ganhar a batalha, mesmo com um bom exército.


Morra , ou diga sim (Sae-yi yaeseu/ Say yes -2001) ³ ³ ³

Uma boa surpresa encontrar um slasher descente na atualidade. Digo isso pelo bom roteiro. Como todo filme asiático, em especial o sul-coreano que cada vez mais me contenta, vide O Hospedeiro, ocorre uma mistura de gêneros, só que nesse o suspense é bem mais fluente do que o outro gênero que nele se encontra. Um casal apaixonado programando umas férias inesquecíveis, e com isso a introdução romântica com uma trilha sonora melosa, mas não irritante, é como um alicerce para o espectador sentir o amor que tem a dupla de bons e jovens atores, para que futuramente sintam compaixão do que virá. Não foi tão forte assim. Os clichês são poucos, principalmente por ser um slasher, e a constante é muito boa, apesar das músicas um pouco exageradas nas cenas de tensão, essas partes dão para ver numa boa, sem xingar ninguém de burro. O gore é um pouco exagerado, mas nada que atrapalhe o filme. O maior problema é que o filme demora demais para terminar, enquanto assistia imaginei que era o final do filme umas três vezes, e com isso se torna meio irritante, além também de uns closes das câmeras um pouco ultrapassados. Porém, o desfecho é muito bom, bem diferente e explicativo para a razão do assassino matar, e ainda mais com o enriquecimento da mudança de personalidade de um dos personagens. Pode emocionar, pode chocar,mas pode apenas passar...
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Onde encontrá-los: Ambos, em algumas locadoras

Eles ( ils - Them 2006) ³ ³ ³



Qualquer comentário referente à “Eles” (no francês Ils e no inglês “Them”) pode ser um risco para quem não o assistiu. Por isso, evitarei algumas ressalvas. O filme tem seus defeitos domados por clichês, aparentemente falando. Mas, ao mesmo tempo em que “Them” é comum, apresenta suas originalidades. Ils é um filme parcialmente inovador, embora lembre muitos outros filmes.

Xavier Pauld e David Moreau, que recentemente fizeram o remake “O olho do mal”, tem um modo de filmagem péssimo e um desequilíbrio na obscuridade que, por vezes, irritam. O melhor da dupla sem dúvidas é a trilha sonora e os efeitos sonoros. Souberam perfeitamente quando soltá-las e principalmente como guardá-las. E os naturais são melhores ainda. Acrescentando quando não se sabe as suas origens. Os protagonistas não desempenham atuações magistrais, mas não acrescentam defeitos e muito menos qualidade destacada.

O roteiro tem uma base simples, entretanto uma única pergunta cresce essa simplicidade... Quem são eles? Mas o que impulsiona os diretores e roteiristas a manter uma constante positiva, relacionando o filme com o observador (você) é fazendo com que nós soframos um impacto sobre a imaginação, descobrindo as nossas fobias, pois deixam uma ampla margem de manobra para o espectador que se torna também ator em sua visão de filme. Ótimo. Pois, fugimos de um inimigo presente, mas invisível, rápido e violento. A expectativa é um elemento chave para o filme. Sentimos tensos por raros ataques, mas... De quem?

“Eles” cria, recria, copia e ao mesmo tempo inova. E o que não o deixa ser um filme ruim é a sua excelente (curta) constante. Mesmo com um final não muito bem construído onde temos poucos termos anteriores para que se ligam razões de tudo aquilo , mas temos a desculpa de ser baseado em uma história real. Mesmo assim, é difícil (mas não impossível) de “adivinhar” o desfecho. Não é uma obra-prima do suspense , mas é causador de grandes efeitos. É convicto. Prende. E, com certeza, contraria o dito de que “ O que os olhos não vêem , o coração não sente”. Apesar dos pesares, recomendo sem medo.
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Onde encontrá-lo : Em algumas locadoras

Conduta de Risco (Michael Clayton, 2007) ³ ³ ³




É um suspense. Lento, mas é. Atuações extraordinárias de Tom Wilkinson, Tilda Swinton entre outros coadjuvantes e uma ótima atuação de George Clooney . Porém, o Galã (?) dá as mãos para Jhonny Deep (Sweeney Todd) pela superestimação em cima de ambos. Não vi algo em que me provasse tamanha centralização em seu trabalho. Talvez por Tom tiver o melhor desenvolvimento no filme, mas é inegável que Clooney sabe onde trabalhar. É inteligente.

Mesmo assim, seria melhor um documentário (falso, ou não) sobre George, ironicamente falando, pois o filme é apenas um apoio para construir o personagem assinado pelo seu nome. Repare... Qual o nome original do filme? Como é uma de suas capas? Quem foi jogado como protagonista? Quem foi “favoritado” pela estatueta? Ele.


O filme tem um problema de ritmo exagerado. É longo, lento e complicado. Resultando em um longa que causa um certo desconforto à quem assiste. Queria eu que o filme fosse tão acelerado quanto os excelentes e importantíssimos diálogos e a constante da ótima trilha sonora, cujo é uma das melhores que já vi em filmes de suspense, ou tão intrigantes como o roteiro é “na teoria”, pois na prática, “Conduta de risco” é um filme que você paga à vista , mas assisti a prazo.
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Onde encontrá-lo : Já nas locadoras

Irreversível (Irréversible, 2002) ³ ³ ³ ³



A designação de um processo que, após a sua concretização, num determinado sentido, e que não pode voltar ao seu estado primitivo dá-se o nome de irreversível. O nome do filme é totalmente coerente com, absolutamente, tudo. Mas, o que interroga o filme francês é: o que um filme precisa para você considerá-lo um longa de horror? Sustos? Sentir medo? Ou sentir em seu interior uma angústia e perturbação extrema? (...) Irréversible é vendido como um drama, sim, ele é dramático, mas tão profundo que é transformado em um filme chocante.

Existem histórias, sejam elas, lendas, relatos, piadas e outros diálogos que, quando bem contados , são enfáticos, mesmo tendo uma base simples. Aqui, não temos termos tão ocultos (embora existam) que deixam a narrativa tão interessante, mas sim, a maneira com que é contada. Gaspar Noé é um bom contador de histórias. Há uma interação com o espectador, primeiro pelas sensações incomodas, depois pelo seu estilo de filmagem em que Noé faz um trato com você em que, quando a câmera gira, ocorre uma mudança no foco da história. Criativíssimo.

Temos três protagonistas. Mônica Belluci (Alex), Vicente Cassel ( Marcus) e o francês Albert Duponel ( Pierre). Ambos com atuações fortes. Cassel expõe a diferença de seu estado de espírito. Duponel mantêm uma boa constante e Belluci, se quisesse parar de trabalhar já poderia, pois ,através de uma cena, já entra para o “Hall” cinematográfico. Alguém ainda duvida de sua capacidade?

Noé consegue suas façanhas. A começar por embutir duas cenas para a história do cinema. A fortíssima cena do extintor e a fenomenal parte do estupro. A do objeto eu voltei três vezes, a da agressão sexual pausei, sai e voltei, abaixei o volume, desviava o olhar, passava a mão no rosto, pensei várias vezes em passar à diante , mas resisti ao ódio que sentia , a angústia, perturbação, tudo que é de ruim veio a fluir. Depois, passado os efeitos só falei... Fantástico.

Outro primor do Diretor é a desconstrução dos personagens. É decrescente a personalidade de ambos, digamos assim. Inovador. E o sistema de filmagem é real e original em que também tem haver com o título, assim como faz parte do incômodo que Gaspar passa desde o inicio. E suas tomadas são extraordinárias. Edição primorosa e impactante . Perfeito. Palmas para Noé.

O que reparar? Gaspar faz do sexo um paradoxo. O sexo no começo com um sentimento de nojo. De embrulhar o estômago. Porém, próximo ao desfecho, em um ambiente semelhante, não tem o mesmo repúdio. Outra pequena curiosidade é que temos uma figura chamada “Tênia” que está relacionada ao bar “Rectrum”, Tênia: parasita intestinal. Rectrum: reto;ânus. Que coisa, não? (...) Irreversível é lotado de “Deja-vu”, o que mais gostei foi que, no final, que não era bem o desfecho, Alex está de bruços e mão na boca enquanto conversa com Marcus, cujo não sente o braço direito... Quem viu, creio que ligará à algo, quem não viu , fica aqui a recomendação.

As falhas ficam por certas bobeiras no roteiro. Alex passar num túnel vazio em um local podre de Paris, ficou “clichêzinho”. Mas, como já disse, a maneira com que a narrativa é contada é ótima e supera isso. O filme intriga, perturba e choca, sem apelar para algo gratuito. A história é uma Montanha-russa cheia de anéis, em que ela roda em um e vai para outro, sem perder o ritmo e a emoção. Sentimento esse, a “emoção”, que com o belo epílogo, pode vir à tona reparando que a busca por vingança de seu “marido” é romântica. Real. Pois a vingança é um direito humano, e quando obtém amor, é mais justo ainda, no mais é irreversível.
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Onde encontrá-lo: Em algumas locadoras

Planeta Terror ( Grindhouse, Planet terror , 2007) ³³³³³


Grindhouse é o nome que se dá a salas de cinemas nos Estados unidos em que se transmitem filmes de qualidade um tanto pouco precários. “E, “Planeta terror” e “A prova de morte”, em pleno o século 21 são os que representam o “ Veja dois filmes pelo preço de um". Pena que, no Brasil, não é possível vê-los seguidamente nas telonas, que é um lugar mais do que justo para assistir "Planet terror". Sobre o filme...


Perfeito. Tarantino e Rodriguez podem sentar em um bar, ao som de um The Coasters, e gargalhar do excelente trabalho que fizeram juntos. E o pior é que parecem que fizeram com a maior facilidade possível. Engraçado, medonho e asqueroso. A Junção de sensações que se pode tirar de uma maquiagem perfeita. Não apenas da aparência dos infectados em si, mas também de todo o completo roteiro que faz você sentir mais de um tipo de efeito com cenas em um intervalo de tempo curtíssimo. Com homenagens aos trash movies anos 70/80, os Zumbis a lá Romero com Danny Boyle, somando com partes de extrema competência técnica, Planet terror é uma mistura de um gosto desvairado ao contentamento sofisticado. Explosões e desmembramentos dividem essas partes. Os personagens são simpáticos e cada um com sua importância (até a Fergie, pode ser encaixada aqui, por incrível que pareça) e muitíssimo bem interpretados, principalmente por Marley Shelton, desde a primeira cena um caráter e uma feição impressionante, além também de sua maquiagem estar magistral. O restante do elenco também não deixa a desejar nenhum pouco. Quando são "normais" convencem, quando são cômicos , mais ainda. Enfim, trilha sonora ótima, o que não é novidade (ainda bem que não engajaram um London Bridget ou um Big Girls don`t Cry , pensou, dar essa louca em Tarantino? ) e os diálogos afiadíssimos. Com certeza, um dos melhores filmes do seu ano.
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Onde encontrá-lo : Já nas Locadoras

A Invasora (A l’intérieur, França, 2007) ³³³


Sarah é uma mulher grávida de, respectivamente, uns cinco meses, e sofre um acidente de carro, junto com seu marido. Essa é a cena inicial do filme. Quatro meses depois, viúva, passa a ter uma vida monótona e desanimada. Esse desânimo chega a desanimar até o espectador. E em uma noite sozinha em sua casa, recebe uma visita inesperada e desconhecida. Daqui em diante, retirem gestantes ou pessoas sensíveis da sala, se desejam se arriscarem, eu não me responsabilizo por nada.


A história pode até ser simples, mas o roteiro contém mais de um tipo de efeito, que são gradativamente transmitidos. “A Invasora” vai de um suspense psicológico extremamente tenso, até cenas dignas de um filme de horror (Horror mesmo), isso juntando com a sensibilidade e preocupação inevitável de uma gestante. Tudo isso sem perder a postura, as mudanças ocorrem e a qualidade se mantém com classe.


O gore é belissimamente usado, um colírio até para quem não gosta muito de excesso de sangue e pouca história (O Albergue), ou mais “vermelhidão”, do que algo realmente impressionante ( Floresta do mal) . É impossível não se impressionar. O longa consegue até ser real. Pavoroso. E até uma cena bizarra correndo por fora. A separação de subgêneros realmente é muito bem organizada, e não deixa a peteca cair em momento algum.


Os personagens são perfeitamente construídos. Sarah demonstra sua empatia por tudo e por todos. Ver os seus dentes é raro, a não ser enquanto grita ou chora com o rosto coberto de sangue. A maquiagem é ótima. A vilã foi muito bem escolhida, sua feição é de pura maldade e obsessão, e o seu olhar é muito profundo. Adorei o papel. Assim como a velha enfermeira que, da a entender, que entra em cena como uma participação especial, é nitidamente percebível seu talento, com sua voz de cigarro e falar vagaroso. Adorei o papel “[2]”.


A violência explícita não é nenhum pouco poupada. Fazem com a maior simplicidade, sem câmeras em movimentos rápidos ou exagero no som para chocar. As imagens já valem mais que isso para serem chocantes. Ainda bem que perceberam isso senão incomodaria. As “torturas” são todas muito bem detalhadas (quem assistiu “Imprint” sabe do que estou falando) com destaque para uma ou outra cena, e uma traqueotomia tem seu mérito perturbador e, ao mesmo tempo, cinematográfico.


Com um elenco digno de aplausos, “A Invasora” já é um dos melhores filmes do século. Assim como a França (A Europa, para ser mais exato) com seu baita currículo – os mais recentes: Alta tensão e Eles - cresce a cada ano (Fato!). Esse é um filme sério, tecnicamente, pouco falho, que te leva do chocante ao admirador. Apenas admire todas as sensações que podem ser “paridas” do mesmo.
Onde encontrá-lo : Em rede e em algumas locadoras

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